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Economia
Domingo - 10 de Janeiro de 2010 às 23:50
Por: Alana Gandra/Rio de Janeiro

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Com um consumo de vinho ainda baixo para os padrões mundiais, o Brasil tem, entretanto, potencial para crescer nos próximos anos, disse à  Agência Brasil o engenheiro químico Valdiney Ferreira, professor da Fundação Getulio Vargas. “Como ocorre com outras indústrias, a indústria do vinho também é uma cereja de bolo. Todo mundo quer se posicionar bem aqui porque as expectativas em um futuro bastante próximo são muito boas. O mercado está crescendo”.

O consumo de vinho per capita no Brasil é de 2 litros por ano, o que coloca o país em uma das últimas posições no mundo. Valdiney Ferreira observou, porém, que o Brasil tem um mercado com um potencial extraordinário de crescimento. “E se isso passa para quatro ou cinco litros per capita, você tem uma explosão da indústria no Brasil”.

Os países, como o Chile e a Argentina, grandes consumidores, apresentam um consumo individual acima de 25 litros de vinho/ano, enquanto nas nações mais velhas da Europa, o consumo supera os 30 litros anuais por habitante.

O negócio do vinho é o tema central do curso de gestão inédito que a FGV inicia em março deste ano, no Rio de Janeiro. O objetivo é atuar em um elo importante da cadeia do vinho, que é a comercialização, envolvendo a importação, exportação, formação de profissionais e os empreendedores.

De acordo com Ferreira, a produção brasileira de vinhos está em franca expansão, os números se aproximam de 300 milhões de litros produzidos por ano, mas, segundo ele, é preciso trabalhar mais na qualidade do produto.

 “A produção por ano é crescente. Mas ainda é uma produção com percentual muito grande de vinhos que não são considerados vinhos finos”. No concorrente Chile, por exemplo, a produção é somente 50% maior que a brasileira, mas quase tudo é vinho fino, destacou. “E ele [o Chile] produz, praticamente, para exportar”.

O professor da FGV salientou que no caso brasileiro, o carro chefe são os vinhos espumantes, cuja qualidade e aceitação são crescentes. “Tem um carro chefe nosso que está ficando cada vez mais promissor e está tendo um reconhecimento internacional muito grande, que são os vinhos espumantes. A gente tem espaço para competir no mercado internacional”. O Rio Grande do Sul concentra ainda 90% da produção nacional. No Brasil, o setor responde pela geração de mais de 300 mil empregos.

Ele sugeriu que o Brasil aproveite a boa aceitação dos vinhos espumantes para ampliar a exportação. Entre os entraves à exportação, enumerou a falta de divulgação do vinho brasileiro. “E, principalmente, temos que descobrir a nossa vocação, o que a gente é efetivamente forte. Se o Brasil tiver um foco bastante forte na sua indústria do vinho, as oportunidades podem vir mais fáceis”.

Ferreira disse que a desoneração tributária é muito importante para a produção e a exportação nacionais e também para a importação, uma vez que um vinho que custa 10 euros na Europa chega na ponta do consumo no Brasil a um custo entre R$ 80 a R$ 100. “A tributação é muito pesada em cima do vinho. Precisa desonerar. Mas, para isso, a indústria do vinho tem que ter poder”. Falta à indústria do vinho nacional se organizar politicamente para brigar pelos interesses do setor como fazem outras indústrias, disse.





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