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Agronegócios
Domingo - 10 de Janeiro de 2010 às 23:34
Por: Márcio Sodré/de Rondonópolis

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O ano de 2010 começa com prós e contras para a agricultura mato-grossense. Alguns dos aspectos positivos observados são o clima favorável e os bons preços das principais commodities. Por outro lado, o câmbio é tido como o grande vilão da agricultura neste momento. Para saber as perspectivas do setor para o decorrer do ano, o Jornal A TRIBUNA ouviu a opinião de algumas lideranças agrícolas do Estado. A princípio, uma das principais perspectivas é que 2010 seja um ano de equilíbrio nas contas.

O presidente da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), Gilson Pinesso, está mais otimista do que pessimista quanto ao cenário vindouro. A perspectiva dele é baseada no mercado das principais commodities, que tem se mostrado firme e com uma melhor remuneração no mercado internacional em relação à safra anterior, principalmente no caso do algodão. Observa que, no caso do algodão, por exemplo, o mercado interno tem se mostrado com preços competitivos, em torno de R$ 1,36/libra-peso.

Gilson Pinesso também está animado com as perspectivas de produtividade, pois argumenta que o clima tem se mostrado muito favorável, inclusive na colheita de soja que já iniciou no Estado. “Esperamos que o clima continue colaborando para a cultura do algodão”, pontuou. Apesar do câmbio desfavorável, Pinesso pondera que houve queda na redução dos custos de produção e melhora no mercado. “Se os preços se mantiverem nesse patamar e o clima continuar bom, será possível recuperar parte da renda perdida”, acredita.

Já o vice-presidente técnico da Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso (Aprosmat), Elton Hamer, é mais comedido em relação ao cenário agrícola para 2010. Ele acredita que a perspectiva para a agricultura nesse novo ano deve ser de cautela, a começar pelo fato do produtor do Estado continuar com o problema crônico da logística de transporte. Além disso, teme o câmbio desfavorável e uma possível baixa no preço de commodities importantes como a soja, devido à estimativa de uma super safra prevista no Brasil.

Conforme Elton Hamer, ainda no caso da soja, a estimativa de uma super safra da cultura no Brasil pode fazer com que os preços mantenham-se abaixo do patamar razoável. “Ainda é muito cedo para fazer estimativa de super safra de soja. Tem muita coisa para ocorrer ainda”, alerta. Quanto à retomada de renda, o vice-presidente técnico também entende que é cedo para fazer prognósticos. “Em parte vai depender de como vai se comportar o dólar. Se continuarmos com um real muito valorizado, vamos ter dificuldade”, avalia.

No caso da safra de verão de milho, Elton Hamer pondera que ainda há estoque de passagem e tem-se o desenvolvimento de uma safra no Centro-Sul do País muito boa, projetando uma alta produtividade, embora a área plantada tenha caído. Quanto ao milho safrinha, entende que apresenta uma perspectiva arriscada, pois, dificilmente, deve haver anos tão excepcionais em termos de clima como 2008 e 2009, sem falar da alta dependência de leilões para sua viabilização.

O líder agrícola e senador federal Gilberto Goellner também observa que os preços das principais commodities agrícolas estão severamente impactados pelo câmbio no mercado interno. “A parte positiva é que os preços estão em patamares excelentes no mercado internacional, a exemplo da soja, milho e algodão”, informa, analisando que o dólar deveria estar em R$ 2,50, em uma projeção ideal, para estar valorizando a produção brasileira. Por isso, atesta que qualquer queda de preços em Chicago (EUA) vai impactar negativamente na renda agrícola, deixando o produtor sem capacidade de pagar sequer os custos de produção.

Um dos agravantes, segundo Gilberto Goellner, é que a renda do produtor está no limite, piorando com o câmbio desfavorável. Aliás, atesta que há uma necessidade urgente de um programa de geração de renda agrícola no País. Caso haja uma realidade negativa em 2010, o senador explica que o governo brasileiro não está preparado para garantir subsídios aos produtores, especialmente daqueles que atuam com soja, que contam com preços mínimos completamente defasados. Já permanecendo o cenário atual, Goellner acredita que 2010 vai ser um ano até certo ponto equilibrado para os agricultores do Estado.

Apesar dos graves entraves com o dólar, Gilberto Goellner ainda se vale de uma visão mais otimista, pois considera que as perspectivas atuais ao menos cobrem o custo de produção nas principais culturas.
 





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