No Brasil, a cada 100 mil habitantes, 56 morrem vítimas de Acidente Vascular Cerebral (AVC), comumente chamado de derrame.
Calor pode elevar os casos de AVC
No Brasil, a cada 100 mil habitantes, 56 morrem vítimas de Acidente Vascular Cerebral (AVC), comumente chamado de derrame. As estimativas também apontam que o AVC é responsável por aproximadamente 8% das internações e 19% dos custos em hospitais públicos. E o calor excessivo em algumas regiões do país, combinado com outros fatores, pode resultar em acidentes vasculares cerebrais. As temperaturas extremas, sejam baixas ou altas, alteram na pressão arterial, causam desidratação e arritmia cardíaca.
Segundo matéria divulgada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), 80% dos casos de AVC correspondem ao tipo isquêmico, o qual é causado por obstrução de um vaso sanguíneo no cérebro. Esse entupimento pode ocorrer pela formação de placas em alguma artéria cerebral ou quando uma placa de gordura originária de outra parte do corpo se solta e é levada pela rede sanguínea até o cérebro. Já o AVC hemorrágico acontece quando há rompimento de algum vaso. Quando o sangramento acontece entre o cérebro e uma das membranas que compõem a meninge acontece o aumento da pressão intracraniana, dificultando a chegada do sangue em outras áreas e podendo agravar a lesão.
De acordo com Hélio Marcelo Sandrin, especialista em clínica médica e cardiologia, o calor pode ser um fator agravante porque causa desidratação e é uma forma de estresse. Com isso, aumentam as chances de uma pessoa desenvolver pressão alta e, consequentemente, sofrer complicações. Conforme explica o médico, se a pressão estiver extremamente elevada pode acontecer a ruptura de um vaso sanguíneo, ocasionando um derrame hemorrágico. Ou então, a tendência é a resistência vascular periférica se contrair, para se proteger daquela pressão. "Essa proteção leva a falta de oxigenação e acontece o AVC responsável pela paralisação de parte do corpo", esclarece o médico.
Mas Sandrin Ressalta também outros fatores de risco muito mais perigosos que o próprio calor, como o diabetes, a hipertensão, o colesterol elevado e o tabagismo. O médico acrescenta ainda o fato dos mato-grossenses terem acesso fácil e barato à carne vermelha e um hábito alimentar pouco saudável, agregando colesterol à circulação sanguínea. "Temos o hábito de comer carne gorda, como a famosa maria izabel ou a capa de costela. Não somos adeptos às verduras. Sempre tem uma saladinha de alface com tomate, mas é só para enfeitar a mesa".
O cardiologista lembra que a genética também pode influenciar no desenvolvimento de um acidente vascular cerebral. Descendentes de famílias com histórico de AVC têm mais chances de sofrer um derrame. Foi o que, aparentemente, aconteceu com a comerciante Santina Nonardoni, de 56 anos. Desde a segunda-feira (04), Santina está internada no Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá em decorrência de um acidente vascular cerebral.
A irmã da paciente, Lídia Nonardoni Zulianeli, 58, conta que seu pai e todos os seus tios foram vítimas fatais de AVC. Ainda assim, Lídia conta que Santina nunca se preocupou em fazer exames de rotina para saber se corria o mesmo risco de seus antecedentes. Depois de fortes dores de cabeça e vômitos, a comerciante precisou ser internada com urgência, pois já estava com um lado do corpo paralisado.
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