Presidente da Assembleia Legislativa, que iniciou sua carreira aos 23 anos, é um dos mais experientes em Mato Grosso
Peso na política faz de Riva o político mais "requisitado"
Conhecido como um dos homens mais experientes da política mato-grossense desde sua primeira eleição para deputado estadual, em 1995, José Riva iniciou sua carreira pública aos 23 anos, quando se elegeu prefeito de Juara, cargo que ocupou por seis anos. Desde então, acumula quatro mandatos na Assembleia Legislativa, todos eles coroados com cargos de relevância na Mesa Diretora, ora como primeiro secretário, ora como presidente.
O Partido Progressista, de José Riva, é tido também como o fiel da balança nas eleições deste ano, cortejado tanto pelo grupo do governador Blairo Maggi, que apoia o candidato ao governo Silval Barbosa (PMDB), quanto pela aliança formada pelo PSDB/DEM/PTB, que lançará candidatura de oposição.
A experiência política rendeu ao deputado mais de 82 mil votos em 2006, e um secto de seguidores formado por 40 prefeitos e 250 vereadores. O reconhecimento está estampado na ante-sala da presidência da Assembleia Legislativa, na forma de uma centena de honrarias concedidas por câmaras de vereadores e entidades da sociedade civil mato-grossenses.
Nesta entrevista, José Riva, casado, 50 anos, diz abertamente que tem preferência pela candidatura do senador democrata Jaime Campos, mas avalia que, hoje, o jogo está zerado na corrida pelo Palácio Paiaguás. Veja os principais trechos da entrevista.
A Gazeta - No ano de 2009, quais foram os principais projetos aprovados pela Assembleia Legislativa?
Deputado José Riva - Tivemos muitos projetos importantes. A reestruturação de carreiras é tida como um projeto muito importante por parte do governo. A criação da Agência da Copa, ela foi muito importante não só para conduzir a gestão dos investimentos,mas como instrumento de transparência na gestão desses recursos. E projetos do Executivo de modo geral, o empréstimo concedido para aquisição das máquinas, que é uma das maiores conquistas, porque o grande gargalo ainda é o fator de infraestrutura, a questão das estradas, os municípios nem sempre tem recursos para recuperá-las e acho que com a ajuda do Estado ela vai ser fundamental. E de nossa autoria nós temos muitos projetos importantes, como o projeto anti-fumo, que trata da saúde do cidadão. A pessoa tem o direito de fumar, mas não tem o direito de transformar os outros em fumantes passivos, com sérias implicações na saúde de todos. Tem ainda o projeto de eleição para assessores pedagógicos, que vai acabar com a politicagem na indicação desses profissionais, que antes poderiam ser indicados sem capacitação, sem condições de exercer a função. Temos um projeto que ainda não está sancionado mas que é extremamente importante, que é o pagamento de serviço ambiental, acho que não adianta você querer impor regras e exigir do cidadão que recupere as áreas degradadas, sem que o ente público remunere essas iniciativas. E tem ainda o MT Legal, que oportuniza a todos os produtores a condição de regularizar a sua condição ambiental sem penalizá-los. Mas eu acho que o projeto do zoneamento econômico e sócio-ambiental é um projeto do século, que infelizmente não foi votado mas houve uma discussão muito boa em todo o interior. Houve seminários que foram realizados e oportunizaram à sociedade conhecer bem a matéria, além de apresentar sugestões. Com certeza é um marco na história do Estado. E temos outros projetos como o parcelamento do IPVA, a doação das máquinas da Metamat, que o Estado queria vender para as prefeituras, que não tem condições de pagar, e a Assembleia está aprovando de doação, que inclusive já conta com aprovação do governador.
Gazeta - O senhor ocupou o cargo de presidente e primeiro secretário da Assembleia Legislativa nos oito anos do governo Dante de Oliveira e agora está à frente do Poder Legislativo nos oito anos do governo Blairo Maggi. É possível comparar os dois governos, como as duas forças políticas tendem a fazer nas eleições deste ano?
Riva - Eu acho que essa comparação é muito complicada, porque os momentos foram distintos, a realidade do Estado é outra. O Estado que Blairo assumiu é um, o Estado que Dante assumiu era outro. Não dá para você traçar um comparativo de gestão. Dá para assegurar que o governador Dante de Oliveira foi extremamente importante na gestão do Estado, no enxugamento da máquina e ao arrumar a casa, que precisava ser arrumada. E também não dá para jogar nos ombros de ninguém os efeitos desse estrago porque era fruto de um sistema que vinha de há muito e que precisava ser quebrado, e o governador Dante de Oliveira teve uma missão muito importante. Dante encontrou o Estado no momento em que Mato Grosso enfrentava a crise energética, estrutural de todos os aspectos, e quando a maioria dos municípios não tinha nem telefone. Então foi um trabalho muito importante. Depois veio, no próprio governo do Dante, um dos maiores instrumentos que oportunizou o Estado fazer muitos investimentos, que foi muito aproveitado no governo Blairo, que foi a criação do Fethab (Fundo Estadual de Transporte e Habitação). O Dante foi contar com o Fethab no segundo mandato e acho que um dos erros do governo Dante de Oliveira foi não executar o programa de habitação com recursos do Fethab. O governo Blairo Maggi foi de muitas obras, mas encontrou um estado preparado para isso, com a casa arrumada, com o Fethab disponível, com as parcerias, e aí foi fruto da inteligência do governador e da sua credibilidade com os produtores rurais. Além do Fethab os produtores participaram mais e isso oportunizou a construção de muitas obras. Isso minimizou bem os problemas estruturais do interior do Estado. Então não dá para fazer esse comparativo, em função das épocas diferentes. Em função de que o Estado vem se consolidando aos poucos no agronegócio, o que vem melhorando consideravelmente a receita. O Dante pegou o Estado no momento em que o agronegócio começava a ser impulsionado, e no governo Blairo, efetivamente ele se impulsionou de vez. Acho que os dois governos foram importantes. O Dante para arrumar a casa, organizar o Estado, e o governador Blairo Maggi para impulsioná-lo com os investimentos em estradas, habitação, obras físicas.
Gazeta - Qual o setor que precisa de maior atenção hoje em Mato Grosso?
Riva - Eu diria que se eu tivesse que escolher uma área do governo Blairo Maggi que precisava mudanças, essa área seria a saúde, que tem uma grande defasagem, falta de investimentos no interior. E também dotar a Empaer, que seria a grande transformação da vida do homem no campo. A Empaer precisa ser reestruturada em todos os aspectos. Ainda vejo a agricultura familiar em todo o Estado sendo dizimada aos poucos por falta de políticas públicas para os pequenos. Mas acho que o governo cumpriu com seu papel. Se tivesse que dar nota eu daria para o governo Blairo uma nota sete.
Gazeta - E para o governo Dante?
Riva - Uma nota seis.
Gazeta - O senhor é candidato à reeleição, ou deve tentar em 2010 uma vaga ao Senado?
Riva - Eu sempre sonhei em disputar uma eleição majoritária, mas não sei se é esse o momento. À princípio, sou, na pior das hipóteses, pré-candidato à reeleição. Mas não tenho obsessão por isso porque depende de um conjunto de coisas. E a minha base não quer que eu seja Senador. Isso está muito claro. Os mais de 250 vereadores que me apoiam, os mais de 40 prefeitos que apoiam não querem em hipótese alguma que eu seja Senador. Isso está muito evidente. Em relação ao governo, acho que é uma questão para pensar no futuro. Então, me resta discutir a candidatura a estadual, mas a questão das alianças só será discutida em fevereiro.
Gazeta - Como o senhor avalia as candidaturas postas hoje ao governo do Estado, com os nomes do vice-governador Silval Barbosa (PMDB), do prefeito Wilson Santos (PSDB), do senador Jaime Campos (DEM) e do empresário Mauro Mendes (PSB)?
Riva - Acho que o jogo está zerado, qualquer desses candidatos tem chance de vitória. Eu, por exemplo, sempre expressei simpatia pela candidatura do senador Jaime Campos, mas é uma posição pessoal, não do partido. Nós nunca tivemos um jogo político em Mato Grosso tão parelho, tão sem favoritismo como temos agora. O jogo está zerado, mas com espaço para entrar aí o quarto, o quinto, o sexto candidato. Mas também podemos ter apenas duas candidaturas. A do governo e a da oposição.
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