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Nacional
Sexta - 08 de Janeiro de 2010 às 18:29

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Parlamentares da base aliada do governo e da oposição afirmam nesta sexta-feira que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode deixar a decisão sobre a compra de 36 aviões-caça da FAB (Força Aérea Brasileira) para o seu sucessor.

Em meio ao impasse entre as áreas técnica e política do governo sobre a compra das aeronaves, deputados afirmam que o adiamento da decisão seria a solução para evitar desgastes ao presidente --tanto com o governo francês quanto com a área militar do governo.

"O atual encaminhamento do processo de escolha do processo de renovação dos aviões da FAB coloca em risco a tomada de uma decisão estratégica para a defesa do país. Nas conversas que nós temos, é claro o sentimento que algumas autoridades de que esse projeto corre o risco de ser adiado indefinidamente", disse o deputado Rocha Loures (PMDB-PR).

Segundo o deputado, que é relator na Câmara do projeto que discute mudanças no Código Brasileiro de Aeronáutica, interlocutores de Lula afirmam que o presidente ficou insatisfeito com o vazamento à Folha do relatório técnico da Aeronáutica sobre os caças. Por isso, de acordo com Loures, Lula estaria avaliando a possibilidade de adiar a decisão.

O deputado Raul Jungmann (PPS-PE), presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara, disse acreditar na possibilidade de Lula adiar a decisão sobre a compra das aeronaves. "O projeto FX-2 começou lá atrás, no governo Fernando Henrique Cardoso. O Lula ou faz acordo com a França, ou deixa isso para frente. Não vejo espaço para uma terceira opção", afirmou.

Jungman afirmou que o adiamento da decisão pode trazer problemas à campanha da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) à Presidência da República. "Pode se transformar em um peso político-eleitoral. Algo que se manteve no âmbito técnico-político, agora pode descambar no ano eleitoral", afirmou.

Relatório

Reportagem da Folha publicada hoje afirma que o ministro Nelson Jobim (Defesa) apresentará ao presidente Lula seu próprio relatório sobre a renovação da frota da FAB (Força Aérea Brasileira), podendo rever o critério de pontuação dos seis itens avaliados tecnicamente para cada avião e que, confrontados, deram o primeiro lugar ao sueco Gripen NG, fabricado pela empresa Saab.

A Aeronáutica manteve o ranking antecipado pela Folha na última terça-feira para a compra dos 36 caças por até R$ 10 bilhões: o Gripen NG em primeiro lugar, o F-18 da Boeing norte-americana, em segundo, e o Rafale, da Dassault francesa, em terceiro. O francês é o preferido de Jobim e de Lula, que defendem negócio com a França porque o país é seu "parceiro estratégico", com o qual assinou grande acordo militar em 2009.

Lula chegou a anunciar ao presidente francês, Nicolas Sarkozy, em setembro do ano passado, que o Brasil estava disposto a negociar com o país europeu a compra dos aviões. A FAB, por sua vez, elegeu o avião sueco como preferido da área militar.

Jobim, porém, irá analisar todas as informações e a confrontação de dados e poderá fazer a reavaliação do sistema de pesos e notas para cada critério antes de levar uma posição da Defesa a Lula, a quem cabe a decisão final da compra. Como hipótese: a Aeronáutica pontua mais a questão operacional (20%) e menos a contrapartida comercial (15%), e Jobim não descarta, em tese, inverter esse peso.






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