Rio vai investigar construções em encostas e morros de Angra

A Secretaria de Estado do Ambiente fará levantamento sobre a situação legal das construções nos dois locais onde houve deslizamentos em Angra dos Reis. O órgão quer descobrir se as licenças ambientais estão em ordem. Após o término do resgate às vítimas na região, técnicos também pretendem levantar eventuais impactos das construções que foram feitas tanto no Morro da Carioca quanto na Ilha Grande.

O vice-prefeito de Angra dos Reis, Essiomar Gomes, negou que os locais dos deslizamentos fossem áreas de risco. Segundo ele, as duas encostas estavam cobertas com vegetação, que serve como proteção natural contra esse tipo de acidente: "Os donos da pousada são conscientes e sempre fiscalizavam para que não desmatassem a encosta".

Segundo Gomes, o provável motivo para os acidentes foi a chuva forte que vem caindo sobre o município nos últimos dias. Ele já fala que essa é a pior tragédia da história do município. A prefeitura de Angra dos Reis decretou luto oficial por três dias na cidade e cancelou todas as festividades. Até a tradicional procissão marítima que corta a Baía de Angra no primeiro dia do ano não foi realizada. A festa de comemoração dos 508 anos da cidade, dia 6, também foi cancelada.

Segundo a Defesa Civil de Angra, desde quarta-feira, já foram registradas 300 ocorrências. Cerca de 800 pessoas estão fora de suas casas. Ao contrário de outros anos, os acidentes atingiram diversas partes do município. A prefeitura também está recolhendo donativos para as vítimas.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou a tragédia e ofereceu ajuda financeira para a reconstrução das áreas. O valor ainda não foi estipulado. O presidente, que está descansando em praia no litoral da Bahia, ligou para o ministro da Integração Nacional Geddel Vieira, para que ele dê atenção ao Rio. O ministro informou que deve vir ao estado avaliar a situação.

A Secretaria Nacional de Defesa Civil, órgão subordinado ao ministério, ofereceu 15 mil cestas básicas para os desabrigados e kits com roupas de cama. O governador Sérgio Cabral, que está na Costa Verde, chega hoje na Ilha Grande para acompanhar de perto o trabalho de resgate. Em nota divulgada ontem, o governador afirmou que prestava sua solidariedade aos familiares das vítimas.

Tragédias antigas

Há oito anos, seis horas de chuvas seguidas foram responsáveis por outra grande tragédia em Angra dos Reis. Um deslizamento de 20 toneladas de pedras e árvores destruiu 70 casas no bairro do Areal e matou 40 pessoas, deixando 100 feridas e mais de 500 desabrigados. Foram interditadas 670 casas. Em 27 de março de 1993, um desmoronamento atingiu três casas em um condomínio de luxo em Mangaratiba, próximo à Angra. Doze pessoas morreram e a Defesa Civil interditou 20 casas do condomínio.