Soja sai, algodão vem
A colheita da soja precoce da safra 09/10, que este ano ocupou área de 20 mil hectares em Mato Grosso, começa a abrir espaço para o plantio do algodão. Em diversas lavouras das regiões oeste - Campo Novo, Sapezal, Campos de Júlio, Comodoro e Deciolância – e norte e médio norte (Sorriso, Diamantino, Nova Mutum, Ipiranga, Sinop, Nova Ubiratã e Tapurah), onde a colheita da soja está mais adiantada, a semeadura do algodão está em pleno andamento.
“Muitos produtores já iniciaram este processo no Estado, beneficiados pelas ótimas condições climáticas”, afirmou o diretor administrativo da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja), Carlos Favaro.
Em Mato Grosso, o plantio do “algodão de dezembro” deverá representar cerca de 35% de toda a safra 09/10. “Já estamos com praticamente toda a área prevista para este mês plantada”, informa o diretor executivo da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), Décio Tocantins.
A semeadura prossegue em janeiro, com a inclusão de 40 mil hectares de algodão “adensado” (plantio com metade do espaçamento convencional), com conclusão prevista da safra para meados de fevereiro.
De acordo com estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o algodão deverá apresentar um pequeno recuo nesta nova safra. Pelo levantamento, a área total plantada em Mato Grosso vai encolher de 387,4 mil hectares para valores entre 321,5 mil a 364,2 mil hectares, queda de 6%. Já a produção de pluma deverá diminuir de 599,10 mil toneladas para valores estimados de 492,8 mil toneladas a 558,2 mil toneladas (-17,7% e -6,8%, respectivamente). A produtividade cairá de 1.546 Kg por hectare para 1.533 Kg/hectare (recuo de 0,8%).
CULTURA - Na avaliação dos produtores, a retração está relacionada a fatores como política cambial, baixas cotações do produto nos mercados interno e externo, maior desvantagem comparativa com a soja e alto custo de produção se comparado a outras culturas.
Segundo Décio Tocantins, a receita dos cotonicultores melhorou, “porém, os custos continuam elevados”. O câmbio em níveis baixos como os atuais (dólar a R$ 1,73), de acordo com ele, é prejudicial ao produtor e ao setor de exportação.
Ele diz que para a próxima safra, o grande desafio é a globalização dos custos de produção. “Na verdade, a receita dos cotonicultores já esta globalizada. Estamos precisando agora globalizar os custos a patamares que permitam a continuidade da atividade diante de um cenário de otimismo”. A “globalização”, explicou Tocantins, implica em uma produção e escoamento mais baratos para o produtor. “Precisamos produzir com custos mais baixos e entregar a produção também de forma mais barata, por meio de uma melhor logística”.
Ele diz que o produtor está trabalhando com a visão focada na “redução dos gargalos”, concentrados basicamente em formas de dirimir os altos custos de produção, na logística cara e nos preços fertilizantes. “O produtor é eficiente na hora de plantar, porém estes problemas acabam comprometendo a atividade e desestabilizando o setor”.
Na avaliação de Décio Tocantins, o descasamento entre o custo de produção e a receita é muito grande. “Estamos plantando o algodão a um custo variável de R$ 4,5 mil por hectare, com estimativa de rentabilidade também de R$ 4,5 mil. O lucro não remunera o capital nem permite pagar as parcelas do endividamento que ainda existe de safras anteriores”.
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