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Economia
Terça - 29 de Dezembro de 2009 às 08:33

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A economia brasileira sofreu dois trimestres de recessão provocada pelos efeitos da crise econômica mundial, mas já deixou o pior quadro registrado em quase três décadas, afirmou estudo do Codace (Comitê de Datação de Ciclos Econômicos), da FGV (Fundação Getúlio Vargas).

O grupo informou que "identificou a ocorrência de um vale no ciclo econômico brasileiro no primeiro trimestre de 2009. O vale marca o fim de um período de recessão e o início de um período de expansão econômica".

Ao avaliar a economia brasileira, o Codace considerou, para determinar que o Brasil já deixou o período de recessão, dados como os de produção, vendas, emprego e renda.

A FGV informou ainda que a recessão já terminada foi marcada por uma intensa diminuição do nível de atividade dos dois trimestre (4º de 2008 e 1º de 2009). O PIB (Produto Interno Bruto) sofreu redução de 3,8% no dois períodos. "A diminuição média por trimestre, de 1,9%, foi a mais intensa entre todas as oito recessões datadas pelo Codace a partir de 1980", informou.

Nas sete recessões anteriores, a redução trimestral média do PIB brasileiro havia sido de 0,8%.

Segundo o Codace, a desaceleração econômica foi acentuada no setor industrial, principalmente nos segmentos exportadores e nos segmentos voltados ao mercado interno de consumo mais dependentes de crédito. O estudo aponta que o PIB industrial registrou recuo de 12,2% nos dois trimestres da recessão, equivalentes a recuos médios de 6,3%, resultado bem mais acentuado à redução média de 0,6% do PIB do setor serviços.

Para o Codace, são indicadores do fim da recessão a retomada de expansão por parte da indústria, setor mais afetado pela crise. "No segundo trimestre, de forma ainda concentrada em segmentos beneficiados diretamente por medidas de estímulo fiscal. A partir do terceiro trimestre, de forma generalizada."

Outro dado é que o PIB do setor serviços caiu somente no quarto trimestre de 2008. Já no segundo trimestre de 2009 se encontrava em patamar superior ao do trimestre anterior à recessão. "O mercado de trabalho, afetado de forma relativamente suave pela desaceleração do PIB, voltou a se recuperar ainda no primeiro semestre de 2009 e os investimentos produtivos privados, que haviam diminuído sensivelmente com a recessão, voltaram a crescer, com forte aceleração no terceiro trimestre".

IBGE

Os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) já apontavam que o Brasil havia saído de uma recessão técnica, o que é caracterizado por dois trimestres consecutivos de retração da economia.

No segundo trimestre deste ano, o Brasil registrou alta de 1,9% no PIB, em relação ao primeiro. Na comparação com o mesmo trimestre de 2008, a queda foi de 1,2%.

Já no terceiro, o PIB subiu 1,3% em relação ao período anterior. Na comparação com 2008, houve queda foi de 1,2%.

Quedas

No primeiro trimestre do ano, os efeito da crise econômica mundial pesaram e o PIB do país caiu 0,8%, ante o quarto trimestre de 2008, sendo que já havia retraído 3,6% no último trimestre do ano passado.

A medida de dois trimestres foi adotada por convenções internacionais, sem considerar algum conceito específico. Apesar disso, há entidades que levam em conta outros aspectos para definir a entrada de um país em recessão.

O Nber (Escritório Nacional de Pesquisa Econômica, na sigla em inglês), por exemplo, um dos principais institutos de economia dos EUA e responsável por avaliar quando o país está oficialmente em recessão, considera que uma queda significativa na atividade econômica mais do que alguns meses já é o suficiente. Para a entidade, os EUA estão em recessão desde dezembro de 2007.

No fim de maio, a FGV (Fundação Getulio Vargas) seguiu o mesmo caminho. Segundo a entidade, o Brasil estava em recessão desde o último trimestre de 2008, depois de crescer por cinco anos seguidos.

Para a FGV, o recuo acumulado na economia desde então é de 3,6%. O dado negativo vem depois do mais longo período de expansão no Brasil, com 21 trimestres seguidos de crescimento --entre o terceiro trimestre de 2003 e o terceiro trimestre de 2008. Neste intervalo, o país registrou avanço de quase 30%.

Histórico de recessões

Foi a primeira recessão desde 2003, ano em que a economia brasileira retraiu 1,44% no primeiro trimestre e 0,23% no segundo. Naquele ano, porém, o PIB acabou se recuperando e encerrando com alta de 1,1%.

Antes disso, a último recessão havia sido anotada em 2001, quando o Brasil viu três trimestres de queda no PIB, afetado pelos atentados ao World Trade Center, nos Estados Unidos, e o apagão. Mais uma vez, porém, a recuperação no fim do ano fez o PIB anual terminar com alta de 1,3%.

Em termos anuais, o último ano que fechou com retração econômica foi 1992, quando o PIB registrou resultado negativo de 0,5% ante os 12 meses anteriores.





Fonte: Folha Online

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