Alta de juros não é consenso entre economistas

A pesquisa Febraban, realizada com 31 instituições financeiras, apontou que a alta de juros em 2010 não é uma unanimidade. De acordo com o levantamento, 29,6% dos entrevistados acreditam que a Selic ficará estável em 8,75% até dezembro do próximo ano. A maioria dos entrevistados, no entanto, acredita que o Banco Central vai elevar a Selic em algum momento do ano que vem.

De acordo com o economista-chefe da entidade, Rubens Sardenberg, o início do movimento de aperto monetário por parte do BC deve ocorrer em algum momento do primeiro semestre de 2010, sendo mais provável que a elevação inicial seja de 0,5 ponto porcentual.

Segundo ele, tal fato pode ocorrer devido a um eventual aquecimento excessivo do nível de atividade, o que levaria o BC a agir de forma preventiva para conter um crescimento bem acima do potencial do País, o que geraria aumento indesejado de inflação. "Não se trata de aumento de juros que reduziria muito a expansão do País. Agora, trata-se de uma ação do BC para conter um crescimento muito forte que poderia prejudicar o cumprimento da meta (de 4,5%)", comentou.

Sardenberg destacou que o relatório de inflação de dezembro, divulgado na última terça-feira pelo BC, foi bastante claro ao explicitar os temores do BC em relação à possibilidade de alta da inflação em 2010. A autoridade monetária prevê que o IPCA atingirá 4,6% no próximo ano e em 2011. Contudo, esse é o cenário onde tudo dará certo, pois o documento mostrou que existem alguns riscos importantes que podem elevar ainda mais o IPCA no próximo ano.

Segundo o relatório, talvez o principal perigo seja que o País avance rapidamente seu ritmo de expansão nos próximos meses, a ponto de fechar o hiato do produto bem antes do esperado pelos agentes econômicos. Nesse cenário, seria inevitável a piora das expectativas de especialistas sobre a inflação para 2010, que, de acordo com o boletim Focus do BC, está em 4,50%. O BC é bastante claro em ressaltar que o sistema de metas de inflação leva em consideração as expectativas relativas ao IPCA, pois elas influenciam com muita força o índice de inflação presente.