Lula descarta cobrar menos impostos e defende carga tributária alta
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta segunda-feira (21) a cobrança de altos impostos, e disse para uma plateia de empresários que não se pode imaginar o país com uma cobrança tributária fraca. Lula alegou que, somente arrecadando, o Estado pode exercer um papel forte como indutor de políticas públicas.
"Não imaginem um país com carga tributária fraca. Não tem país do mundo em que o Estado possa fazer alguma coisa que não tenha uma caga tributária razoável. É só pegar a Europa, Estados Unidos e Japão como exemplo. Só se pode ter bem-estar social porque o Estado tem recursos", afirmou, em evento da Apex (Associação Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), na noite desta segunda-feira.
Lula acentuou que só existem duas alternativas: ou se cobra forte sobre a produção, ou no IR (Imposto de Renda). Para ele, os países que tem baixa carga tributária não conseguem exercer papel de fomentador do bem-estar social.
"O Estado não pode ser é intruso, querer ser o gestor. Mas ele tem que ser o indutor e fiscalizador de muitas coisas. A crise mostrou isso", observou.
Lula exaltou o fato de o mercado interno ter "segurado o tranco" durante a crise. O presidente ressaltou ainda que o Brasil descobriu, durante a turbulência financeira, ter uma capacidade exportadora maior do que se pensava. Segundo o presidente, as vendas externas do país sofreram um baque menor se comparado a países tradicionalmente mais exportadores.
Com a perspectiva de aumento da competitividade no mundo pós-crise, comentou, as empresas brasileiras não podem "perder o trem", e tem que buscar o mercado externo. Ele citou como exemplo o Banco do Brasil, dizendo "não ser possível" que banco estatal não tenha agência em Angola ou no Peru, por exemplo.
"Essa crise ensinou a todos nós que não existe manual determinando como o empresário deve se comportar. A crise mostrou que precisamos estar sempre criando alguma coisa nova. Então acho que o Brasil tem que aproveitar essa oportunidade, em que estamos ficando mais importantes"
As empresas brasileiras que cobram preços acima do mercado internacional foram duramente criticadas por Lula. Ele admitiu até que vem brigando com o presidente da Vale, Roger Agnelli, por cobrar da mineradora a compra de navios no mercado interno.
"Mas para ser feito no Brasil, o preço do estaleiro brasileiro tem que ser, no mínimo, próximo. Não pode ser o dobro. Se for o dobro, acho que prevalece o interesse empresarial. Mas se for uma diferença pequena, prevalece o interesse nacional de a gente ter uma grande indústria naval nesse país", comentou.
Lula chegou a brincar com suas declarações polêmicas, admitindo que chega a falar "bobagens" em alguns momentos.
"Vocês já aprenderam a lidar comigo, a compreender até as bobagens que falo. Muitas vezes vocês vão ao teatro para ouvir um artista falar bobagem. Eu falo na televisão, a imprensa me critica. Ou seja, falo de graça para vocês", completou.
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