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Agronegócios
Terça - 22 de Dezembro de 2009 às 01:25
Por: Fabiana Reis

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Levantamento do Imea aponta que lavouras produziram, em média, 84 sacas/ha, mas dificuldade de comercializar produto ofuscou resultado recorde no campo

Apesar de enfrentar dificuldades ao longo do ano, o setor produtivo de Mato Grosso encerra 2009 com balanço positivo. Relatório divulgado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) traz uma retrospectiva dos principais produtos produzidos no Estado (soja, milho, algodão e bovinocultura), e adianta as próximas ações para cada setor em 2010, dando continuidade à temporada 09/10. No geral, a avaliação do instituto para este ano é boa, mas com a ressalva de que vários problemas foram superados para se chegar a um balanço satisfatório. No caso do milho, segundo o boletim do Imea, este foi um ano (excelente) para o Estado, no que se refere a produtividade. A safra foi inédita não só pelo incremento na área plantada, mas também na quantidade produzida por hectare. Dados do Imea apontam para uma média de 84 sacas por hectare, podendo variar de acordo com a tecnologia utilizada, sobretudo no que diz respeito a insumos.

"2009 foi um ano fantástico para os produtores de milho. Isso porque a produtividade atingiu números muito bons. Em compensação, quem plantou milho não foi contemplado na hora de vender, já que com excesso de produção, os preços caíram e a intervenção do governo federal foi necessária", afirma o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Glauber Silveira da Silva.

Números do Imea revelam que a produção do grão chegou a 8,5 milhões de toneladas, mas a demanda estadual não correspondeu como se esperava, apesar de haver um consumo considerável para a criação de aves e suínos no Estado. O instituto informa que do volume total produzido, apenas 25% foi consumido internamente. "Por isso solicitamos tantos leilões de subvenção ao governo, para ajudar no escoamento do milho", acrescenta Silva. Para se ter uma ideia das dificuldades enfrentadas pelos produtores estaduais, houve ocasiões em que cerca de 1,5 milhão de toneladas foram armazenadas a céu aberto, sendo que uma parte teve de ser descartada por ter sido molhada pela chuva.

Mesmo com todos os leilões realizados, sendo que alguns deles foram exclusivos para Mato Grosso, o Imea aponta que ainda estão estocados nos armazéns do Estado, cerca de 2,7 milhões de toneladas de milho, e outros 1,3 milhão a serem negociados a um mês do plantio. "Por conta disso muitos produtores ainda estão se decidindo sobre o plantio, adquirindo os insumos", afirma o presidente da Aprosoja ao contar que ainda não há uma estimativa de qual será a área produzida com milho na safra 09/10, cujo levantamento será feito aos poucos pela entidade.

Sojicultura - Com relação à soja, o boletim do Imea mostra que 2009 também foi um ano difícil e explica que isso ocorreu porque em meados de 2008, quando o sojicultor tomou a decisão sobre o plantio, o mundo passava pela crise financeira internacional, com restrição ao crédito e sem muitas perspectivas de preços. Como se não bastasse o custos com fertilizantes aumentaram, preocupando ainda mais o setor produtivo. Mas em 2009, o cenário melhorou e aponta para perspectivas ainda melhores para o ano que vem. O plantio foi concluído no Estado, em dezembro, antes do previsto, e contou com uma redução no preço dos fertilizantes.

"Esperávamos pelo caos, especialmente no país, com alguns reflexos em Mato Grosso, mas isso não aconteceu. Tivemos um ano em que o clima ajudou bastante e o produtor está conseguindo ter rentabilidade, com pouca ocorrência de ferrugem asiática. O maior problema que destacaria em 2009, foi a falta de crédito", diz o presidente da Aprosoja Glauber Silveira da Silva. A boa produtividade da safra de soja, consolidou o Estado, mais uma vez, como o maior produtor de soja do país, com cerca de 18 milhões de toneladas.

Ainda conforme o relatório divulgado pelo Imea, as vendas externas de soja evoluíram significativamente ao longo do ano. Os números revelam embarques de 10,460 milhões de toneladas de janeiro a novembro, volume 21% maior que o ano anterior. A quantidade é ainda 5% superior ao volume recorde exportado pelo Estado, que foi no ano de 2006. O faturamento com as exportações deste ano somaram US$ 4,130 bilhões, e teve a China como principal comprador do grão.

Com um ano marcado por obstáculos e superações para ambos os produtos, o presidente da Aprosoja destaca que entra ano, sai ano, a o principal gargalo da agricultura mato-grossense é a logística. Ela firma que as rodovias, por onde é escoada a maior parte da produção estadual, está em más condições e o frete é bem mais elevado que se comparado a outros modais, como ferrovia e hidrovia. "Precisamos melhorar a infraestrutura logística e esperamos avanços em 2010". Dados do Imea apontam que em janeiro de 2009, o valor do frete por tonelada custou R$ 203 (de Sorriso ao porto de Santos), e que encerra o ano estimado em R$ 176/tonelada.

Colheita de Soja - Com o plantio de soja feito antecipadamente e concluído no início de dezembro, algumas propriedades rurais já iniciaram a colheita em Mato Grosso. O presidente da Aprosoja, Glauber Silveira da Silva, diz que nas cidades de Nova Mutum e Sapezal, por exemplo, a oleaginosa já está dessecando e as máquinas aos poucos estão entrando nas lavouras para colher o grão.

A delegada da associação em Nova Mutum, Leane Altmann, afirma que uma propriedade já colheu 200 hectares e outra somou a colheita de mais 50 hectares. Ela não sabe informar a quantidade colhida. Na cidade, foram plantados cerca de 300 mil hectares. "Nos próximos dias o ritmo tende a acelerar e a colheita da soja precoce começar para valer". Em Sapezal, o secretário do Sindicato Rural, Diego Stasih, adianta que a colheita está programada para começar no dia 24, na véspera de Natal. Na cidade, conforme o secreta"rio foram plantados 160 mil hectares com soja precoce, cuja colheita será concluída até 15 de fevereiro.

A estimativa é que desta área colhida com a variedade precoce, cerca de 120 mil ha serão destinados ao plantio de milho safrinha e o restante ao algodão.

Cotonicultura - Para os produtores de algodão, o ano de 2009 foi marcado pela crise de crédito. Como consequência, a área plantada reduziu cerca de 30% na safra 2008/2009, na comparação com a anterior, e também para a safra 09/10. Para minimizar os impactos da crise, os cotonicultores buscaram assistência técnica e se apoiaram nas pesquisas e na transferência de tecnologias. O opção pelo algodão adensado, que visa o plantio de variedade de ciclo precoce (menos de 150 dias) vem diminuindo os custos e melhorando a rentabilidade da cultura. Para a safra 2009/2010, esse tipo de plantio deve ser adotado, com maior adesão.





Fonte: A Gazeta

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