O pequeno livro das grandes emoções
Feliz do povo que pode educar-se melhor por meio da leitura de textos literários de autores como Mario Quintana, Carlos Drummond de Andrade e Clarice Lispector. Este é um dos privilégios dos brasileiros, cuja literatura é uma das mais ricas e belas do mundo. Alguns de nossos gênios das letras encontram-se em “O pequeno livro das grandes emoções”, lançado pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), dia 2 de dezembro último, em Belém do Pará, na 6ª Conferência Internacional de Educação de Adultos (Confintea VI).
A obra é uma coletânea de textos de diversos estilos, selecionados especialmente para os leitores jovens e adultos em processo de educação. Elaborada no âmbito da Década das Nações Unidas para a Alfabetização (2003-2012), a publicação reúne poemas, contos e letras de músicas de renomados escritores brasileiros. O livro resulta de parceria da Unesco com o Ministério da Educação e será a principal ferramenta de trabalho de oficinas de leitura para alunos e professores de educação de adultos e jovens de escolas públicas de Belém do Pará.
Considerando que os índices de analfabetismo no Brasil ainda são elevados, atingindo cerca de 16 milhões de jovens e adultos, é de se esperar que essa ação da Unesco “pegue um ita no Norte” e, sem dizer adeus a Belém do Pará, navegue por todo o País, multiplicando a beleza dos textos selecionados para estimular a leitura. Afinal, quem conta com Mário Quintana, Carlos Drummond, Jorge Amado, Clarisse Lispector e Machado de Assis, dentre tantos gênios literários, e um dos mais ricos acervos de músicas e poesias folclóricas do mundo, não deve privar seu povo do acesso a tais encantos, em função das carências e gargalos do ensino.
O elevado significado desse projeto da Unesco evidencia outro aspecto relevante: a importância da comunicação impressa, nem sempre percebida em sua plenitude pela sociedade e o poder público. Assim, é preciso rebater as infundadas e, às vezes, mal-intencionadas insinuações de que imprimir jornais, livros e revistas consome árvores nativas (no Brasil, todo o papel produzido para impressão advém de florestas cultivadas).
Também é necessário reafirmar que as mídias impressas seguirão firmes, ao lado das eletrônicas e digitais, como formadoras de consciências, disseminadoras do conhecimento e fomentadoras de oportunidades menos díspares, o que fortalecerá ainda mais nossa democracia. A mídia impressa cumpre, sim, missão exponencial no sentido de prover informação e cultura, requisitos indefectíveis de todo povo vencedor!
*Fabio Arruda Mortara, M.A., MSc., empresário, é presidente da Regional São Paulo da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf).
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