Empresário lamenta desabastecimento de gás natural em Mato Grosso
Mato Grosso está ampliando a sua capacidade e o alcance de abastecimento por meio do Gás Natural Veicular (GNV). Além de Cuiabá e Várzea Grande, Rondonópolis também já oferece o produto aos motoristas da cidade e região. A utilização do combustível resulta em grande benefício econômico e ambiental. Chega a 60% de economia, se comparado com a gasolina e o álcool.
Para o empresário Paulo Freitas, proprietário da Agroverde Logística, uma empresa instalada em Sorriso, a utilização do GNV permite a diversificação da matriz energética, ainda baseada em dois produtos. “O gás natural é um combustível não-poluente e sua combustão é limpa, isenta de fuligem e outros materiais que possam prejudicar o meio ambiente”, destaca. “No atual contexto mundial, onde os países debatem formas para reduzir a emissão de poluentes na atmosferas, esse tipo de combustível é uma alternativa fantástica e viável, principalmente para os países emergentes como é caso do Brasil”, acrescenta.
Em Mato Grosso, o produto é muito utilizado por taxistas e também por empresas que possuem grande frota de veículos. A média de consumo por veículo é de 15 metros cúbicos por abastecimento. “O gás natural também é uma alternativa para o transporte coletivo, veículos de passeio e caminhonetes”, destaca Paulo.
O grande problema, no entanto, é o risco da falta de gás natural em Mato Grosso. O principal fornecedor do GNV para do Estado é a Bolívia, que enfrenta dificuldades para manter o abastecimento normalizado. O produto chega em Mato Grosso pelo Gasoduto Bolívia-Mato Grosso desde agosto de 2001. Para chegar até Mato Grosso, o gasoduto percorre 642 km partindo da Bolívia, passando por Cáceres, Poconé, Nossa Senhora do Livramento e Várzea Grande até chegar a Cuiabá.
Desde o dia 1º de dezembro, a GNV/MT, empresa responsável pela distribuição do gás natural em Mato Grosso, paralisou a entrega do produto aos postos e à planta da Sadia em Várzea Grande. O motivo: falta de pressão nos dutos do gás para o enchimento dos compressores do City Gate, no Distrito Industrial de Cuiabá. Com isso, os postos mato-grossenses ficam sem receber o gás natural. Os estoques nas revendas zeraram. Essa dificuldade pode implodir o sonho do gás em Mato Grosso, que esbarra agora nas dificuldades de transporte do produto a partir da Bolívia. O projeto do Gás Natural Veicular em Mato Grosso demandou investimentos acima de R$ 6 milhões à Sadia e aos postos.
“Isso é lamentável e não acontece por falta de aviso, já que o problema era previsto desde dezembro de 2009, quando Mato Grosso adquiriu o estoque de 900 mil metros cúbicos”, pondera Paulo Freitas, mais conhecido como Paulo Agroverde.
Fornecimento
A dificuldade no fornecimento surge a partir de problemas contratuais entre as empresas responsáveis pelo transporte do produto, tanto no Brasil quanto na Bolívia. Neste momento, o problema não é mais o produto, mas como transportá-lo da Bolívia até Mato Grosso.
A GasOcidente, responsável pelo transporte em território mato-grossense não tem mais contrato com a GasOriente – responsável pelo transporte até à divisa com o Estado. Cabe à estatal local e a GasOriente firmar entendimentos que possibilitem a retomada do transporte do gás e o principal empecilho é o fator financeiro, já que os volumes de gás vindos para MT Gás são considerados pequenos e isso inviabilizada o frete. o lado mato-grossense, a situação estaria resolvida com um simples contrato de prestação de serviço entre a GasOcidente e a MT Gás.
Segundo os empresários do setor, o transporte de gás natural a partir de Campo Grande (MS), a 700 quilômetros de Cuiabá, é economicamente inviável devido ao custo do frete. O transporte de gás só é viável até a uma distância de 200 quilômetros. Atualmente, a demanda mato-grossense é de quase um milhão de metros cúbicos.
Ecologicamente correto
Paulo Freitas lamenta esses problemas. Segundo ele, o mercado de gás natural é amplo, ecologicamente recomendável e, em breve poderia atender municípios do Centro-Norte e Norte de Mato Grosso. “Sorriso, Lucas do Rio Verde, Sinop e Alta Floresta poderiam aproveitar esse combustível com sucesso”, lembra o empresário, acrescentando que o GNV permite benefícios vão além da economia no consumo e prolongamento de vida útil do motor. “A ausência de enxofre em sua composição permite a utilização do GNV sem causar danos à atmosfera”, salienta.
Especialistas indicam que o gás natural é um dos poucos produtos livres de fraude. No México, a economia com o gás natural é de 71%; nos Estados Unidos atinge a média de 29%. “Portanto, não podemos permitir erros primários, por irresponsabilidade ou falta de planejamento, impeçam a ampliação do uso do gás natural para todos os municípios de Mato Grosso”, destaca Paulo Agroverde.
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