Zelaya sai asilado ou se entrega à Justiça, diz governo interino
Em meio as negociações para a ida de Manuel Zelaya para o México, o governo interino de Honduras afirmou que o presidente deposto tem apenas duas opções para deixar a Embaixada do Brasil em Tegucigalpa: ou sai como asilado político do governo mexicano ou enfrenta as acusações de abuso de poder e traição na Justiça. Zelaya quer deixar o país, mas com status de presidente, o que lhe permite mais liberdade para negociar uma saída à crise.
"Que opção que o cidadão José Manuel Zelaya Rosales tem? Ou ele sai com uma petição de asilo de uma nação irmã ou se submete às autoridades judiciais para que seus advogados, e ele tem bons advogados, façam as defesas pertinentes", disse o ministro de Governança do governo interino, Oscar Matute.
Em declarações à rádio HRN, Matute afirmou que "é de público conhecimento que Zelaya tem ações pendentes nos tribunais da República".
"Se há algum pedido formal de asilo para o cidadão José Manuel Zelaya Rosales, com muito gosto a atenderíamos, sem demora nenhuma", afirmou Matute.
Zelaya, contudo, rejeita sair na condição de asilado político. "Não busco asilo em nenhum país", afirmou Zelaya em entrevista à rede Telesur.
"Eu não aceitarei qualquer asilo político", reiterou, em entrevista à Rádio Globo. "Eu quero deixar o país como um convidado distinto, não um refugiado político como o governo interino quer".
Zelaya diz querer deixar o país em busca de um solo neutro para um encontro com o presidente eleito de Honduras, Porfirio Lobo, (cuja eleição, em 29 de novembro, Zelaya não reconhece) para "encontrar uma solução pacífica para a situação do país".
A ideia, segundo o próprio Zelaya, é continuar suas "ações políticas" no exterior --como fez durante os três primeiros meses após o golpe, quando viajou para vários países da região em busca de apoio.
Sua saída como asilado, contudo, daria ao governo interino um reconhecimento que Zelaya não quer.
A administração de facto de Honduras quer que Zelaya receba asilo político em outro país, o que restringiria suas atividades. Mas Zelaya rejeitou o asilo, preferindo um status que lhe desse mais liberdade para fazer campanha pelo seu retorno.
Esta viagem é o novo esforço do presidente deposto de manter sua campanha contra o golpe que o derrubou, em 28 de junho, após decretar como fracassadas todas as tentativas de aplicar o acordo assinado para dar um fim à crise e ter sua restituição negada pelo Congresso hondurenho.
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