Obama defende necessidade da guerra ao receber Nobel da Paz
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou nesta quinta-feira ao receber o Prêmio Nobel da Paz, em cerimônia em Oslo (Noruega), que a guerra às vezes é necessária para preservar a paz.
"A guerra tem um papel a cumprir para a preservação da paz. Negociações por si só não podem, por exemplo, convencer a [rede terrorista] Al Qaeda a desistir das armas. A força é necessária e não há cinismo nisso, apenas o reconhecimento de nossa história", continuou o democrata, que citou em seu discurso a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e os exemplos de luta pela paz de Mahatma Gandhi e Martin Luther King.
"Temos que entender que haverá guerra, mas ainda assim haverá um esforço pela paz. Esse é um desafio que teremos que enfrentar", disse Obama no discurso.
Obama ressaltou, contudo, que a necessidade da guerra deve ser refletida a partir de outra "verdade inconciliável": "Não importa quão justificada seja a guerra e o sacrifício dos soldados, a guerra nunca é gloriosa e não devemos pensar assim".
"Parte de nosso desafio é tentar reconciliar estas verdades inconciliáveis", disse Obama, acrescentando que busca, assim como o presidente americano John F Kennedy, morto em 1963, uma paz "mais prática e alcançável".
Para isso, afirmou Obama, é necessário seguir as regras e padrões morais que determinam as ações de guerra. "Quando não seguimos nossas regras, as decisões parecem arbitrários e colocamos em risco nossos esforços, não importa quão justificáveis sejam".
Seguir seus próprios valores, afirmou o presidente, é o que "!nos separa das pessoas contra as quais lutamos".
"Por isso proibi a tortura, por isso determinei o fechamento de Guantánamo [prisão americana para suspeitos de terrorismo], por isso reforcei o compromisso dos Estados Unidos de obedecer a Convenção de Genebra", listou Obama, que assinou decretos contra estas práticas no seu segundo dia na Casa Branca, como parte de um esforço para limpar o legado negativo deixado pela guerra ao terror do antecessor George W. Bush.
Esforço conjunto
Obama afirmou ainda que os EUA lutam há 60 anos, "com o sangue de seus soldados", pela segurança global e que este comprometimento não acabará. Ele alertou, contudo, que a missão de manter a paz não pode ser apenas dos americanos.
"Eu entendo porque a guerra no Afeganistão não é popular, mas a crença de que a paz é alcançável não é suficiente para conquistá-la. A paz é difícil de ser alcançada e por isso a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) existe. Não podemos deixar a tarefa para poucos".
O discurso parece um recado para os 42 aliados da aliança militar que participam da guerra no Afeganistão e que, na maioria, relutam em acompanhar a recente estratégia americana de ampliar suas forças no país.
"Nós honramos nossos ideais ao defendê-los não quando é fácil, mas quando é difícil. Eu falei de algumas questões que estão nos nossos corações e nossas mentes", afirmou Obama, que em várias ocasiões foi longamente aplaudido.
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