Interior está em alerta sobre chuvas
As chuvas que já começam a fazer estragos na Região Sudeste estão acionando o estado de alerta de municípios no interior de Mato Grosso. As precipitações são fruto do fenômeno El Niño e as defesas civis de Rondonópolis e Cáceres já começam a trabalhar por conta do regime de águas.
Em Rondonópolis (230 quilômetros de Cuiabá) a situação já é considerada grave. Na madrugada de terça-feira o rio Vermelho atingiu seu ponto mais crítico, chegando a 6,6 metros, quando o normal nesta época do ano é 4,5 metros. O curso d’água que entrecorta a cidade chegou a subir 5 centímetros a cada cinco segundos, o que deixou o Corpo de Bombeiros local em alerta. Por conta disso, 50 pessoas foram retiradas de suas casas na segunda-feira. Elas estão alojadas no Ginásio Marechal Rondon.
A cheia que atingiu o rio Vermelho chegou também ao rio Arareal, seu principal afluente e que também passa por dentro da cidade. Quatro bairros considerados populosos foram alagados, segundo o tenente-coronel Vanderlei Bonoto, comandante do 3º Batalhão de Bombeiros Militar de Rondonópolis. “Na gleba São João, por exemplo, tivemos de fazer a retirada de pessoas em barcos porque estavam ilhadas”.
Por volta das 8h de terça-feira, o rio Vermelho caiu para 5,7 metros. “Assim como subiu rápido, abaixou. A nossa preocupação é com a previsão para os próximos quatro dias, por conta das intensas chuvas em Poxoréu, município vizinho”, afirmou Bonoto.
O alerta foi dado esta semana pelo Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam): os meteorologistas prevêem chuvas acima da média para o sul, centro, oeste, leste, região do Alto Araguaia e Pantanal de Mato Grosso. De acordo com o chefe da Divisão de Meteorologia, José Carvalho, por enquanto não existem números que quantifiquem o volume “acima do normal”. “Só poderemos ter certeza no final de dezembro, quando o El Niño atinge seu pico. Se o aquecimento das águas oceânicas não superar os 2,5ºC, que até agora foram registrados, as precipitações serão um pouco acima do normal”, explicou. Segundo o militar, o último evento do tipo em Rondonópolis foi há quatro anos, mas não chegou à dimensão do que ocorreu nesta segunda-feira.
Em Cáceres o nível do rio Paraguai ainda é considerado normal, mas já está um metro acima do número registrado no mesmo período no ano passado e colocou em alerta as equipes dos Bombeiros. “Hoje (ontem) nossas equipes foram realizar vistorias nos prédios históricos do centro da cidade que começaram a apresentar fissuras e colocam a estrutura em risco”, explicou o 2º tenente bombeiro militar, Adnildo Ribeiro da Silva. Alguns têm mais de 200 anos e são totalmente feitos de adobe, um tipo de tijolo antigo à base de barro e capim.
Foi Silva quem coordenou a operação de resgate em janeiro de 2007, quando as chuvas deixaram o município em estado de calamidade pública. Na ocasião, os córregos e o sistema de esgotamento da cidade entupiram e ilharam o município. “Foram feitas algumas melhorias, mas a gente avalia que, quanto melhor a estrutura do município, menor o prejuízo com as catástrofes”, disse.
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