Ataques frequentes de onça preocupa fazendeiros de MT
Histórias semelhantes aos causos contados na zona rural estão preocupando de verdade fazendeiros da região do Brilhante, próximo ao município de Jaciara (144 km da capital). Habitantes locais contabilizam pelo menos 50 ataques de onça a bovinos e ovinos no entorno. Na madrugada desta segunda-feira (7), foram mortos sete carneiros e feridos outros dois em uma única propriedade. Não se sabe a espécie do animal e nem o motivo dos ataques.
“Estamos de mãos atadas, com medo, sem saber o que fazer. Sabemos que não podemos matar as onças, mas estamos tendo muitos prejuízos. Além disso, depois das 18h ninguém quer sair de casa”, declarou o proprietário da chácara “Recanto Brilhante”, Roberto Paulino Lopes, criador dos carneiros mortos.
A veterinária de Jaciara Priscila Marcidelli esteve no local do último ataque e solicita ajuda das autoridades para resolver o incidente. “Não queremos um final trágico, estamos preocupados com a preservação destes animais, queremos alertar as autoridades para que alguma atitude seja tomada o mais rápido possível”.
Os fazendeiros e o Ibama ainda não chegaram a um consenso de ação. Lopes afirmou que procurou o Instituto mas não obteve resposta. Do outro lado, o diretor do Núcleo de Fauna e Recursos Pesqueiros do Ibama, César Esteves Soares, disse que o órgão não foi acionado sobre os episódios.
Soares prefere não fazer nenhum diagnóstico prematuro da situação antes de realizar uma visita in loco à região. Mesmo assim, palpita sobre a possibilidade da onça ser fêmea e estar ensinado filhotes a caçar. “Imagine um gato dentro de uma sala cheia de passarinhos ensinando os filhotes a predar. Ele vai matar o máximo de passarinhos que conseguir. Isso pode ter ocorrido entre os carneiros. A onça vai atacar tudo que se move até eliminar todos os animais por perto".
Sobre relatos de moradores da região de que as onçar estariam se alimentando apenas de vísceras, o diretor argumenta que na realidade o comportamento comum dos felinos comer primeiro as vísceras e poupar a carcaça principal para ingerir gradativamente.
Segundo Soares, o estudo in loco para a realização do diagnóstico dura em média dois dias e pode ser feito apenas mediante solicitação formal ao Ibama. É necessário o encaminhamento de uma carta por escrito narrando o histórico dos ataques e detalhando a situação da região. Deve-se anexar ao documento um croqui indicando a localização das propriedades bem como a disponibilização de contatos.
Entre as recomendações decorrentes do diagnóstico, o diretor cita arrebanhamento do gado, instalação de lâmpadas e até som no campo, ou a eventual captura dos felinos. O estudo inclui análise de pegadas e comportamento dos felinos e instalação de armadilha fotográfica.
Conforme Soares, ataques frequentes de onças ocorrem em regiões próximas a Poconé, Santo Antônio, Barão de Melgaço, Cáceres e Rondonópolis. Ataques a seres humanos não são comuns, tranquiliza.
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