Brasil desperdiça 30% da sua produção de alimentos, diz estudo
O país que ostenta com orgulho o status de superpotência agrícola mundial desperdiça um terço de toda a sua produção de alimentos no meio do caminho entre o campo e a mesa dos consumidores. De acordo com os resultados de um estudo conduzido pela Associação Brasileira das Centrais de Abastecimento (Abracen), no Brasil, cerca de 30% das frutas, legumes e verduras que saem das lavouras são descartados antes de chegarem aos pontos de venda, vítimas das péssimas condições das estradas e do acondicionamento inadequado dos alimentos durante longas viagens.
“As condições das rodovias, o tipo de embalagens usadas e o tempo que se perde no caminho acabam machucando os produtos e inviabilizando seu consumo”, revelou João Alberto Lages, presidente da Abracen, durante apresentação pública do estudo nesta semana. A entidade reúne 72 centrais de Abastecimento Brasileiras (Ceasas) e é responsável pelo atendimento de 80% da população. Para Altivo Cunha, consultor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e coordenador da pesquisa, o governo tem responsabilidade direta pela situação. “A gente está vendo o Brasil se expandir, modernizar-se e investir e não tem visto até agora uma sinalização para o setor que cria qualidade e fornece alimentos”, afirmou. Segundo ele, para a expansão e reforma das Ceasas seriam necessários investimentos de cerca de R$ 860 milhões.
O desperdício e o prejuízo causado pela falta de uma logística eficiente de transporte no país não só afeta o setor de alimentos, mas coloca em risco o crescimento econômico de uma maneira geral. Em edição recente, o jornal britânico Financial Times trouxe um caderno especial dedicado a oportunidades de investimento no Brasil em que aponta para deficiências nos setores de infra-estrutura e educação. Para o jornal, “apesar dos fortes influxos de investimentos no país, o Brasil precisa de muito mais. Não apenas para se preparar para a Copa do Mundo de 2014 e para as Olimpíadas de 2016. Estradas, ferrovias, portos, energia e outras infra-estruturas vitais precisam de expansão e modernização”.
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