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Internacional
Sábado - 05 de Dezembro de 2009 às 09:41

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A família da estudante britânica Meredith Kercher, morta durante um jogo sexual há dois anos, disse estar satisfeita com a condenação da estudante americana Amanda Knox e de seu namorado à época, o italiano Raffaele Sollecito. Ambos foram condenados nesta sexta-feira a 26 anos e 25 anos de prisão, respectivamente, pelo assassinato de Kercher. A Promotoria pedia prisão perpétua.

Os familiares de Kercher concederam uma entrevista coletiva na manhã deste sábado em Perugia, na Itália, onde ocorreu o julgamento. "No fim, estamos satisfeitos com a decisão, satisfeitos que nós conseguimos uma decisão, mas esta não é uma época de celebração", disse Lyle Kercher, irmão da vítima.

A irmã de Kercher, Stephanie, disse que o veredicto "traz um sentimento de justiça, para nós e para ela". "A vida nunca será a mesma sem Mez".

Kercher, 21, era companheira de quarto de Knox quando ambas estudavam em uma universidade de Perugia. Seu corpo foi encontrado em uma poça de sangue, com a garganta cortada, em 2 de novembro de 2007, no apartamento que dividiam.

Promotores pediram prisão perpétua para os dois réus, acusados de violência sexual e assassinato. Segundo a promotoria, Knox nutria ódio por Kercher e queria se vingar dela. Tanto Knox quanto Sollecito alegaram inocência e devem apelar da sentença.

De acordo com a versão da promotoria, na noite do crime, Knox e Sollecito se encontraram no apartamento que Kercher dividia com Knox. Uma quarta pessoa estava presente, Rudy Hermann Guede, da Costa do Marfim.

Guede já foi condenado a 30 anos de prisão pelos mesmos crimes, em um julgamento separado. Ele apela da decisão, alegando que estava na casa, mas que não matou Kercher.

Segundo a promotoria, Kercher e Knox teriam começado a discutir, e os três atacaram a estudante britânica, agredindo-a sexualmente e a matando em seguida. De acordo com os promotores, provavelmente o trio agiu sob a influência de drogas e álcool.

A promotoria acusou ainda Knox e Sollecito de terem quebrado a janela do quarto para dar falsos indícios de um assalto e atrapalhar as investigações.

Knox deve permanecer na cadeia, embora na Itália a sentença não seja cumprida até que todas as chances de apelação se esgotem, em um processo que pode durar anos.

Provas

Apesar das acusações, promotores não conseguiram apresentar evidências forenses conclusivas contra Knox e Sollecito. Segundo eles, uma faca de cozinha de 16,5 centímetros seria a arma do crime. A faca supostamente teria vestígios de DNA de Knox e de Kercher.

No entanto, advogados de defesa argumentaram que o objeto seria grande demais para produzir os ferimentos no corpo de Kercher, e que o DNA achado não é suficiente.

Uma marca de sapato achado no banheiro da casa também foi atribuída a Sollecito. No entanto, especialistas afirmam que a pegada não condiz com o tamanho do pé do italiano.

Em sua argumentação, a defesa focou na falta de provas e de um motivo claro para o crime.

Um dos advogados de Knox, Carlo Dalla Vedova, disse na quinta-feira (3) em suas considerações finais que há "muitas dúvidas no julgamento", e que as amostras de DNA "não são conclusivas".

Nesta quinta-feira, véspera das deliberações do júri, Knox fez um apelo emocional, tentando convencer o júri pela última vez de que é inocente.

Quase aos prantos, ela disse à corte que se sente "vulnerável" após passar dois anos na cadeia. "Eu escrevi em um pedaço de papel [...] que tenho medo de me perder de mim mesma", disse ela em italiano. "Tenho medo de ser tachada de algo que não sou, de ter a máscara de assassina colocada à força em mim", disse Knox.





Fonte: Folha Online/AP

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