Após desempenho "frustrante" em 2009, eletrônicos preveem alta em 2010
Apesar do desempenho esperado classificado como "frustrante" em 2009, a indústria de eletroeletrônicos no Brasil prevê recuperação no próximo ano. De acordo com dados divulgados pela Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), o faturamento do setor deve cair 9% neste ano, para R$ 112,2 bilhões --a primeira queda desde 2002--, e voltar a subir em 2010, com alta de 11%, em R$ 124,9 bilhões.
"Tínhamos como referência o ano de 2008, em que o faturamento cresceu 10%. Então, quando você tem perda de 9% isso é frustrante. Mas ao mesmo tempo, a perspectiva é muito boa", afirmou Humberto Barbato, presidente da entidade.
No ano, apenas as áreas de informática e material elétrico tiveram desempenho semelhante ao registrado em 2008. Entre as quedas, a maior ocorreu no segmento de telecomunicações, com redução de 19% no faturamento, seguida por automação industrial, com -17%.
A redução no segmento de telecomunicações foi duramente afetada pelas vendas e produção de telefones celulares, que tiveram forte queda no primeiro semestre deste ano. No fechamento de 2009, a previsão é de que as vendas para o mercado interno tenham caído 6%, enquanto as exportações registrem variação negativa de 32%. Considerando o número de aparelhos produzidos, a queda deve ficar em 15%.
Segundo Barbato, porém, as vendas de celulares começaram a se recuperar a partir do segundo semestre e devem seguir em alta no ano que vem, ajudando o setor de telecomunicações a fechar 2010 com elevação de 21% no faturamento.
A Abinee projeta crescimento em todos os segmentos no próximo ano. De acordo com a associação, todas áreas ligadas à infraestrutura devem ter retomada, além do segmento de automação, que será beneficiado pelos investimentos na indústria de petróleo e gás.
Investimentos
Em 2009, a previsão da associação do setor é de que os investimentos registrem queda de 22%, de R$ 4,9 bilhões no ano passado para R$ 3,8 bilhões. No ano que vem, o número deve passar para R$ 5,3 bilhões.
Prejudicado pelo câmbio, porém, o setor de eletroeletrônicos deve aumentar seu deficit comercial --número que, segundo a Abinee prevê, fechará o ano em US$ 16,8 bilhões-- em 17% em 2010, para US$ 19,6 bilhões.
De acordo com a associação, o setor é prejudicado por uma queda nas exportações decorrente da demanda menor causada pela crise e também devido à valorização do real, que reduz o valor das vendas e a competitividade dos preços brasileiros.
"A taxa de câmbio está tirando o sono da indústria", disse Barbato. "Não temos mais preços competitivos." Ele criticou ainda as barreiras às exportações brasileiras impostas por países da América Latina como Equador e Argentina. "O setor de celulares, por exemplo, sofre menos com o câmbio e mais com as barreiras", afirmou.
Além disso, o dólar baixo aumenta as importações no país e diminui a competitividade dos produtos brasileiros no mercado interno.
Emprego
O emprego no setor também caiu em 2009, segundo os dados preliminares da Abinee, passando de 161,9 mil para 160 mil. O dado deve mostrar recuperação de 2% em 2010, chegando a 163 mil empregados no ano que vem.
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