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Quinta - 03 de Dezembro de 2009 às 13:28
Por: Guilherme Aquino

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O ítalo-brasileiro Pierpaolo Petruzzello foi o primeiro paciente a testar uma mão biônica capaz de realizar movimentos seguindo ordens do cérebro.

Petruzzello, de 26 anos, teve metade do antebraço esquerdo amputado após um acidente automobilístico. Ele foi selecionado entre três candidatos para testar a mão biomecânica e realizou a cirurgia com a equipe médica da Universidade Campus Biomédico de Roma.

Com a mão biomecânica, que usou por 30 dias, ele foi capaz de fechar os punhos, fazer o movimento de uma pinça e mexer um dos dedos com a nova mão nos trinta dias em que esteve conectado ao membro biônico.

“Este foi o tempo determinado pelas autoridades sanitárias europeias. Eu poderia ter ficado mais quatro, cinco meses, um ano, ninguém sabe por quanto tempo ele poderia ter ficado no meu organismo sem que houvesse uma rejeição do meu corpo”, disse ele à BBC Brasil.

Petruzzello, filho de pai italiano e mãe brasileira, perdeu o antebraço em agosto de 2006 e foi operado em novembro do ano passado.

A mão artificial foi criada por pesquisadores da Scuola Superiore Sant’Anna, de Pisa, na Itália.

“Foi o meu pai quem procurou se informar sobre as pesquisas em curso e viu de perto o projeto. Ele me disse que achava que era uma coisa boa para mim antes de pensar em colocar uma mão prostética. Este é um projeto muito importante. Eu ainda tenho um braço inteiro, mas penso em quem perdeu ambos os braços ou as pernas”, disse Petruzello.

“Quando vejo que consigo realizar trabalho fico muito contente. A dor física eu sinto e suporto, mas a dor mental é pior. Eles alfinetavam o meu coto de braço para que eu aprendesse a reagir ao estímulo. Pela primeira vez no mundo, foi possível mexer os dedos de uma mão conectada ao corpo, sem o uso da musculatura, sem ainda ter sido implantada, com a força do pensamento. Foi um gol para mim”, disse.

A mão testada pesava dois quilos, os dedos são em alumínio, os mecanismos internos são de aço, a palma e cobertura são de fibra de carbono.

“A etapa seguinte seria a de implantar. Sei que o peso da mão foi reduzido já para seiscentos gramas”, disse ele à BBC Brasil.

Os movimentos são criados a partir de impulsos do sistema nervoso do paciente. Um grupo multidisciplinar, composto por bioengenheiros, ortopedistas, neurologistas e neurocirurgiões, conseguiu reconstruir uma “ponte” entre a mão artificial e o cérebro do paciente.

Quatro eletrodos foram inseridos nos nervos do pulso e do antebraço de Petruzzello e são os responsáveis pelo trânsito gravado de informações entre o homem e a sua mão e vice-versa. Os filamentos são biocompatíveis, com espessura de 10 milionésimos de milímetro (10 nanômetros) e comprimento de 180 nanômetros. Cada um deles possui oito canais para a passagem de impulsos entre o cérebro e o membro.

“Conseguimos fazer o primeiro passo, de testar um novo eletrodo microscópico, com a dimensão de um fio de cabelo, e inseri-lo nas terminações nervosas do braço natural”, explica o cirurgião Paolo Maria Rossini.

Durante dois meses, o paciente foi estimulado durante seis horas diárias pelo eletrodo a decifrar os estímulos enviados pela mão robótica. Desta forma, ele poderia reaprender a movimentar o futuro membro.

O professor Paolo Maria Rossini reconhece a dificuldade extrema desse primeiro passo.

“O cérebro quando perde um membro reorganiza-se de forma aberrante e provoca sensações equivocadas, chamamos isso de síndrome do membro-fantasma. O paciente sente dores associadas à parte do corpo que não existe mais. Ao longo do treino, este fenômeno diminuiu muito, foi cancelado, mas, infelizmente, três meses depois de retirarmos os eletrodos, as dores voltaram”, explica ele.





Fonte: BBC Brasil

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