CRM condena cirurgião plástico por imprudência
Em julgamento ocorrido na noite da última terça-feira, o Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM) condenou o cirurgião plástico Samir Kehdi pela prática de imprudência durante a lipoaspiração que resultou na morte de Rosimere Soares, aos 30 anos, em dezembro de 2007. A pena aplicada foi a de censura pública oficial.
Conforme a advogada Marcela Soukef, que representa os interesses da família da vítima, a censura no Diário Oficial e jornais de grande circulação somente será efetivamente aplicada quando transitar em julgado a decisão do CRM, já que ainda é cabível a interposição de recurso ao Conselho Federal de Medicina (CFM). “Vamos recorrer para agravar a penalidade. O que a família quer é pena máxima, ou seja, a cassação do exercício profissional”, informou. O mesmo deve ser feito pela defesa do cirurgião. O prazo para apelação ao CFM é de 30 dias.
A condenação, que teve 12 votos a favor e quatro contra, seguiu o voto do relator, Helton Hugo Maia Teixeira, que opinou pela condenação do cirurgião com base no artigo 29 do Código de Ética Médica, pela prática de imprudência. Já a pena foi pelo disposto no artigo 22, alínea “C” da Lei 3268/57 e, obteve 11 votos a cinco. Vale reforçar que o artigo 29 veda ao médico atos profissionais danosos ao paciente, que possam ser caracterizados como imperícia, imprudência ou negligência.
O presidente do CRM, Arlan de Azevedo Ferreira, alegou que o resultado do julgamento ainda é passível de contestação no CFM pelas partes envolvidas e, por isso, o órgão não poderia divulgar ou se pronunciar sobre a decisão.
Em julho deste ano, a juíza Maria Cristina de Oliveira Simões, da 10ª Vara Criminal de Cuiabá, condenou o cirurgião plástico a um ano e quatro meses de detenção por homicídio culposo, com aumento de pena por inobservância de regras técnicas. A sentença foi revertida em pena alternativa.
Rosimere foi submetida ao procedimento cirúrgico no dia 22 de dezembro de 2007, na clínica do cirurgião. Sua morte foi causada pela perfuração da veia cava e consequente perda de sangue, durante uma lipoaspiração para retirar 600 mililitros de gordura da barriga para serem colocados na panturrilha. Ao fim do procedimento, ela começou a perder os sinais vitais. A ruptura na veia gerada pelo uso de uma cânula de metal conduziu a vítima a um choque hipovolêmico, segundo o Instituto Médico Legal.
PENA MÁXIMA – A mãe de Rosimere, Suede Clemente Soares, anunciou ontem que organizará um ato público assim que for necessário para demonstrar a indignação da família contra o tratamento que recebem os casos de negligência médica no Brasil. Exibindo uma camiseta com a foto da filha e diversos depoimentos de amigos e familiares, ela também comentou ontem que está tentando agendar uma participação em um importante programa televisivo de rede nacional, onde contará a história de sua filha. “A gente não vai parar. Quem perdeu fomos nós”, revolta-se, a menos de 20 dias do aniversário da morte de Rosimere. (Colaborou Renê Dióz)
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