Economia informal fica estável no 1º semestre, aponta FGV
A queda na arrecadação e a redução da atividade econômica seguraram o crescimento da chamada economia subterrânea -- produção de bens e serviços não reportada ao governo--, que mede o mercado informal e os movimentos ilegais entre os formais.
Levantamento da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e do Etco (Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial) mostra que essa economia informal ficou praticamente estável no primeiro semestre deste ano, com expansão de apenas 1% superior à do PIB (Produto Interno Bruto).
"A carga tributária caiu no período de crise. Isso reduz o estímulo das atividades migrarem para a economia informal. Ao mesmo tempo, a queda do nível de atividade também reduz a demanda de bens e serviços, providos pela economia informal, diminuindo o crescimento desta" afirmou Fernando de Holanda Barbosa, responsável pela pesquisa.
Se for levado em conta os últimos 12 meses terminados em junho, a economia subterrânea cresceu 22,5% além do PIB.
"O crescimento forte de 22,6% é muito mais dependente do segundo semestre do ano passado, do que desse primeiro semestre, em que ela ficou praticamente com o mesmo crescimento do PIB", comentou Barbosa.
A forte expansão da economia informal no início do agravamento da crise está ligada à falta de crédito que tomou conta do mercado. Barbosa explicou que a economia formal tem dependência direta do crédito, ao contrário da economia subterrânea.
"Naquele período, a economia formal foi atingida e a subterrânea continuou crescendo como se a crise não tivesse ocorrido", observou.
A expectativa é que, à medida em que a economia retome o crescimento e a arrecadação volte a se elevar, a economia subterrânea deve voltar a se expandir. A projeção feita por Barbosa é que o mercado informal cresça um pouco mais do que o PIB em 2010.
Barbosa lembrou que, no Brasil, a economia subterrânea, normalmente, tem movimento no mesmo sentido do mercado formal. Para ele, o movimento de alta do mercado informal mostra que "algo estranho" acontece na economia brasileira.
"A economia subterrânea é um sintoma, de que alguma coisa no sistema brasileiro está errado. Ela não é um mal em si. Não necessariamente ela terminará se houver fiscalização, ou seja, provavelmente se fiscalizar muito forte algumas atividades que hoje são realizadas vão deixar de existir".
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