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Economia
Sábado - 28 de Novembro de 2009 às 14:22

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Passada a crise, lojistas, empresas de cartão, bancos e financeiras estão apostando no crédito e na extensão dos prazos de pagamento para elevar os volumes das vendas ainda em 2009. O objetivo é aproveitar o momento de forte confiança do consumidor e dar condições favoráveis de prazos e de juros para "desobstruir" o consumo represado.

Nos shoppings de São Paulo, lojas de roupas, calçados e presentes que costumavam parcelar as vendas no cartão de crédito de três a quatro vezes estão agora vendendo em até sete pagamentos sem juros. Para eletrodomésticos e móveis, o parcelamento está chegando a até 24 vezes nas Casas Bahia, que tem parceria com o Bradesco.

A Cielo, antiga VisaNet, estendeu para todos os lojistas associados o parcelamento em até 12 vezes sem juros no cartão Visa, uma facilidade disponível até então para poucos estabelecimentos. As redes Extra e Ponto Frio parcelam em até 18 vezes os eletrodomésticos e móveis nos cartões do grupo, que tem parceria com o Itaú. As compras de supermercado acima de R$ 100 podem ser pagas em até quatro vezes no cartão. O Banco do Brasil decidiu financiar em até 36 vezes as passagens aéreas da TAM.

Segundo especialistas, a recuperação do emprego e da renda estimulam o consumidor a assumir novas dívidas. Ao mesmo tempo, a queda na inadimplência impele bancos e financeiras, que passaram o ano retraídos, a "abrir as torneiras" para fechar o ano com uma fotografia melhor no balanço.

No consumo, a inadimplência até 90 dias cai pelo oitavo mês seguido -saiu de 10,3%, em março para 7,4% em outubro. Os juros do financiamento ao consumo recuaram do pico de 73% ao ano, em dezembro, para 50% em outubro. "[Os bancos] vão tirar o atraso, pois ficaram muito temerosos com o que poderia acontecer. Querem recuperar o tempo perdido porque não há o que temer", disse o consultor Alvaro Musa, ex-presidente da Fininvest.

Prazo recorde

Nem antes da crise o comércio trabalhava com prazos tão longos de pagamento. Segundo o BC, os prazos médios do crédito ao consumo atingiram em outubro 217 dias (pouco mais de sete meses), os maiores da série histórica. Em agosto do ano passado, eram de 193 dias.

O lado ruim é que o consumidor pode ficar com parte do salário comprometido com as prestações ao longo de 2010.

"Há uma tentativa de estimular a tomada de crédito com prazos maiores, de modo que a prestação caiba na renda do consumidor com facilidade", disse Armando Castelar, especialista em crédito da UFRJ.

"Todo mundo chega para o consumidor e diz que 2010 será espetacular. Esse consumidor se sente mais animado para comprar a crédito. As pessoas têm mais confiança para gastar e comprar produtos mais caros. E nisso o crédito será essencial", disse Sergio Vale, economista da MB Associados.

Segundo Castelar, os bancos estão adiantando para o quarto trimestre deste ano o cenário de expansão do crédito previsto para 2010, de crescimento de 25% ao ano, como antes da crise. "2010 vai começar no quarto trimestre para os bancos. Os bancos públicos saíram na frente, e os privados estão apostando no quarto trimestre para ser o período mais forte do ano no crédito. O foco é claramente a pessoa física --consignado, consumo e veículos- porque os índices de inadimplência recuaram mais", disse.

Para Nilson Martiniano Moreira, diretor de empréstimos e financiamentos do BB, aumentará a concorrência no crédito nos próximos meses, especialmente por parte dos bancos privados que querem recuperar terreno perdido nos financiamentos. "Com a recuperação da economia, a concorrência no ano que vem vai ser muito mais pesada. Vamos melhorar ainda mais as condições negociais de prazo e de taxa para os clientes. Essa é uma tendência. Mas, até o momento, nós ainda não sentimos isso dos concorrentes."

A Casas Bahia informou que, após a redução dos subsídios para a linha branca, diminuíram as vendas desses produtos. Com o novo incentivo para compra de móveis, a rede afirma que prevê aquecimento nas vendas no final de ano. Em nenhum cenário, a rede varejista afirma ver abalo na confiança do consumidor.





Fonte: Folha de S. Paulo

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