Embrapa mapeia avanço das culturas de cana e soja em MT
Projeto da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) coordenado pela unidade Informática Agropecuária, em Campinas (SP), está mapeando como se deu o avanço do plantio da soja em Mato Grosso e da cana-de-açúcar entre São Paulo e o Triângulo Mineiro no período de 2005 a 2009. Além de avaliar como e sobre quais outras culturas ocorreu o crescimento destas lavouras, o projeto definirá em que ponto está o processo de intensificação nas áreas de soja com o cultivo da safra de verão e da de inverno (safrinha).
Batizado de "Intagro - intensificação agropecuária em polos de produção de soja e cana-de-açúcar: territorialidade, sustentabilidade e competitividade", o projeto mapeia, no caso da soja, uma área de 14,6 mil hectares em 26 municípios mato-grossenses. Essa área é responsável por quase 20% da safra nacional de soja de aproximadamente 60 milhões de toneladas e por 8% da produção de milho do Brasil.
Segundo o pesquisador Alexandre Coutinho, da Embrapa Informática Agropecuária, serão produzidos mapas agrícolas de 2005 a 2009 na região nas safras de verão e de inverno. Como basicamente o produtor da região planta soja na safra de verão, a avaliação deste primeiro plantio apontará qual a real área cultivada com grãos. "Já a avaliação da safrinha, feita basicamente com milho, servirá para saber como está o reuso da terra, ou seja, a intensificação da produção de grãos", explicou o pesquisador.
Já é possível, de acordo com Coutinho, afirmar que houve um avanço considerável na realização da segunda safra na região desde 2005, aumento que poderá ser mensurado ainda este ano com a divulgação dos resultados. Além da avaliação de campo, a pesquisa da Embrapa analisa imagens diárias de satélite para acompanhar o índice de desenvolvimento das culturas.
Ao contrário da avaliação feita com a soja, no caso da cana os pesquisadores querem saber qual cultura perdeu mais área para o avanço do cultivo da matéria-prima para o açúcar e do álcool. "Serão feitos mapas de 2005, 2007 e 2009 para avaliarmos como foi a supressão das outras culturas, como laranja, pastagens, grãos e café entre São Paulo e Minas Gerais", disse.
A pesquisa de campo com a cana, que começou semana passada e termina amanhã, avalia uma área de 5 mil hectares em 129 municípios de 11 microrregiões do nordeste paulista ao sul do Triângulo Mineiro. A área produz quase 30% das 645 milhões de toneladas de cana do País, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Além do perfil distinto do avanço das duas culturas, outra diferença entre a avaliação sobre a soja e sobre a cana é que, no caso do grão, os pesquisadores terão, no mapa de crescimento da cultura, os impactos ambientais, pois a região pesquisada está próxima a Amazônia. "Já na cana, a questão é menos ambiental e mais social e econômica, pois há a hipótese de que o crescimento ocorreu sobre alimentos e que a cultura gera menos empregos que outras", afirmou o pesquisador.
Com os estudos prontos, a segunda fase do projeto, em 2010, será fazer uma série de análises econômicas para ajudar na elaboração de políticas públicas sobre as duas culturas, bem como a realização de avaliações agroambientais que podem manter ou derrubar mitos do setor. "Poderemos avaliar um solo sem o cultivo de grãos e outro semelhante onde houve o cultivo intensivo com soja e milho; com isso será possível sabermos se realmente onde ocorre a agricultura houve uma maior retenção de carbono", concluiu. O projeto Intagro prevê ainda a disseminação do conhecimento e dos resultados gerados para a sociedade por meio de um site.
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