Bancos brasileiros estão adequadamente capitalizados, diz Moody's
Os níveis de capitalização dos bancos brasileiros resistiram bem aos efeitos da crise global e devem ter o perfil ainda melhorado daqui para frente, diante das expectativas de retomada econômica, avaliou a agência de classificação de risco Moody's nesta quarta-feira.
"Os bancos brasileiros não tinham praticamente nenhuma exposição a ativos tóxicos ou estruturados, apenas modestas posições em renda variável", disse a vice-presidente Ceres Lisboa, em relatório. "Sendo assim, não vimos necessidade em estressar as carteiras de títulos."
Segundo a analista, os bancos no país classificados pela agência mantiveram consistentemente indicadores de capital adequados. Na maioria dos casos, esses indicadores estão bem acima do índice regulatório mínimo exigido no Brasil desde a adoção da Basileia 1 em 2001.
No segundo trimestre de 2009, o índice de Basileia (capital total) médio do sistema financeiro brasileiro era de 18,4% (considerando aspectos de risco adotados por Basileia 2); as entidades do setor público reportaram 17%, e os bancos do setor privado divulgaram um índice um pouco melhor, de 18,7%.
"Altos níveis de reserva também têm sido uma característica da forte regulamentação bancária no Brasil. Em vista das recentes incertezas, porém, os bancos elevaram ainda mais as reservas para perdas de crédito, principalmente em resposta à deterioração das condições do risco de crédito corporativo e também da pessoa física", segundo trecho do relatório da Moody's.
Em junho de 2009, o sistema apresentou alto volume de reservas que representavam 7,1% do total de crédito (que era 5,3% no final de 2008), um crescimento anual de 63,7%, enquanto o crédito cresceu apenas 19,6% no mesmo período.
"Se a deterioração da qualidade do ativo de fato atingiu o pico no (terceiro) trimestre, como muitos observadores esperam", disse Ceres, "as dinâmicas no médio prazo sugerem que o custo de crédito deverá cair seguindo a estabilização dos indicadores de inadimplência."
A tendência marcada da queda de créditos vencidos entre 15 e 60 dias sugere uma melhora na qualidade nas carteiras de pessoa física e jurídica, concluiu ela, adicionando que "essa tendência deve ser reforçada pela projeção de crescimento do crédito nos próximos trimestres ainda sobre condições de taxas de juros mais baixas."
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