Brasil não podia deixar de receber Ahmadinejad, defende Temer
Em meio a protestos de parlamentares contrários à visita do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, à sede do Legislativo brasileiro, o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), classificou nesta segunda-feira a visita do iraniano de "protocolar". Temer disse que o Congresso não pode se recusar a receber um chefe de Estado que realiza visita oficial ao Brasil, mesmo que defenda publicamente posições contrárias à democracia.
"É protocolo, uma visita de Estado. Ele é presidente de um país, não há como deixar de recebê-lo. Pode haver observações críticas, mas não há como deixar de cumprir o protocolo", afirmou Temer.
O presidente da Câmara disse que não "cogitou" a possibilidade de Ahmadinejad discursar no plenário da Casa uma vez que, às segundas-feiras, nem sempre há sessões dedicadas a discursos. Depois de se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do Irã vai visitar a Câmara e o Senado, ainda nesta segunda-feira.
Contrários à visita de Ahmadinejad , os deputados Marcelo Itagiba (PSDB-RJ) e Zenaldo Coutinho (PSDB-PA) estenderam faixas dentro do plenário da Casa com os dizeres: "Holocausto nunca mais" e "Ninguém pode apagar a história".
Os parlamentares também levaram para o Congresso brasileiros que viveram em campos de concentração nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. De cadeira de rodas, aos 84 anos, o presidente da Associação de Sobreviventes do Nazismo, Ben Abrahan, segurou uma das faixas contrária à presença de Ahmadinejad no Brasil.
"Passei cinco anos e meio no campo de concentração nazista. Vi as Câmaras de gás e as chaminés dos crematórios expelindo fumaça preta e senti nas minhas narinas o cheiro de carne queimada. E agora vem esse homem que nega o holocausto e é recebido como chefe de Estado pelo nosso governo do Brasil?", questionou.
Nascido na Polônia, Abrahan se naturalizou brasileiro depois da Guerra. Ao lembrar do conflito, o sobrevivente de guerra disse que passou cinco anos e meio no campo de concentração de Auschwitz, na Polônia.
Para o deputado Itagiba, a visita do presidente do Irã ao Brasil "envergonha" o povo brasileiro. "A visita do presidente do Irã causa vergonha ao Brasil porque foi o Brasil quem deu um grande passo para que existisse o Estado de Israel. Nada contra o povo iraniano porque ele também está sendo massacrado, teve suas eleições fraudadas e tem os seus direitos humanos desrespeitados", disse o parlamentar.
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