Operação Gênese
Mutirão, operação-padrão, força-tarefa viraram moda nas ações nas administrações públicas em todo território nacional. Antes, eram mais utilizadas entre grupos numa forma de ajuda mútua para realização de plantios na lavoura e nas construções de moradias simples. O que deveria ser utilizada de forma excepcional; generalizou-se.
No último dia 29 de outubro, no estado de São Paulo foi deflagrada a Operação Gênese, uma ação policial barulhenta, isolada, que rendeu números para deleite da mídia.
Um tanto desencontrados, mas alguns números se repetem com maior precisão. Atuaram quase dez mil policiais, foram presas mais de duas mil pessoas, abrangeu 645 municípios, um total, 102,36 quilos de drogas foram tirados das ruas. Durante a operação também foram apreendidos 494 veículos e outros 57 recuperados. A apreensão de 112 armas fecha os principais números.
Também sempre se menciona os fatos inusitados. Nessa operação, um cativeiro foi estourado e dois empresários libertados. Um acusado de ser mandante do assassinato de um casal no estado do Paraná.
Quando não assumem essas nomenclaturas, criam a semana disso e daquilo, especialmente a da conciliação e de julgamentos das várias justiças.
São como denorex, elas parecem o que definitivamente não são: medidas capazes de solucionarem problemas nas áreas da administração pública, mais precisamente na segurança pública e na justiça.
Comparar dois números é ilustrador. Na Operação Gênese, foram recapturados oitenta e um foragidos. Há oito anos, em 18 de abril de 2001, o Jornal A Tarde estampava em manchete que “número de fugitivos já é maior do que o do Carandiru. Em dois anos, 10.318 presos fugiram. São traficantes, ladrões e homicidas”. Só aí, sem considerar os que fugiram nesses oitos anos, ficaram soltos 124 vezes mais dos que foram presos.
Ainda foram apreendidos 494 veículos e outros 57 recuperados. No Jornal Diário de São Paulo de 05 de julho de 2002 informava que um veículo era roubado a cada cinco minutos só na cidade São Paulo. Por hora eram doze, num dia 188. Ou seja, numa mega-operação em todo o estado recuperaram menos de um terço do que roubavam por dia em 2001 só na capital. Conclui-se que somente mais várias centenas dessas mega-operações produziriam resultados satisfatórios. A “operação” eficiente deve ser diária. O fecho dessa história são as justificativas dos responsáveis de que “estão trabalhando”. Mas os dados comprovam que o resultado é pífio. São criadas como marketing político–eleitoral.
Pedro Cardoso da Costa – Interlagos/SP
Bel. Direito
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