Destoxificação do pinhão manso foi um dos temas do Congresso
Trabalhos de pesquisa com a destoxificação da torta do pinhão manso foram apresentados no I Congresso Brasileiro de Pesquisa em Pinhão Manso pela Embrapa Agroenergia e pelo Consórcio formado pela Rio Pardo Bioenergia, Labore Engenharia e a TechEnergy.
Destoxificar a torta viabiliza economicamente a cultura, pois permite o uso na alimentação animal.
A torta, resultante da extração do óleo das sementes de pinhão manso, constitui excelente adubo orgânico, rico em nitrogênio, fósforo e potássio. No entanto, sua destinação para ração animal está impossibilitada devido à presença de fatores limitante de natureza tóxica, alergênica e antinutricional, esclarece a pesquisadora da Embrapa Agroenergia, Simone Mendonça, e palestrante.
Simone aproveita a oportunidade para frisar que não é a curcina a substância responsável pela toxidez do pinhão manso, mas sim, o éster de forbol. Para resolver esse problema, ela explica que, a Embrapa trabalha com duas linhas de pesquisa. A primeira busca uma variedade sem o éster forbol,; a segunda volta-se para a destoxificação da torta, ou seja o resíduo em laboratório.
Já a destoxificação segue três linhas, na Embrapa, conforme enumera Simone: extração com solvente, com degradação microbiana e extrusão com aditivos químicos.
A pesquisadora da Embrapa Agroenergia, Simone Mendonça, percebeu, durante o Congresso, uma mudança na visão de pesquisadores e produtores sobre a importância da destoxificação da torta do pinhão manso.
“Há um ano e meio, início dos trabalhos da Embrapa voltados para a destoxificação da torta, não havia, ainda, entendimento sobre essa necessidade, fundamental para a diminuição dos riscos de impacto ambiental e viabilização econômica do pinhão manso.”
De acordo com a pesquisadora, o quadro hoje é outro. “Todos os setores estão interessados”, garante ela, que ao longo do evento foi solicitada a dar opiniões tanto para pesquisadores, quanto produtores e estudantes.
Outra abordagem
“Nós temos a tecnologia nacional para a destoxificação do farelo de pinhão manso, tornando-o apto para formulação em dietas animais”, anunciou o empreendedor Osvaldo Aguiar, presidente da Rio Pardo Bioenergia, durante o I Congresso Brasileiro de Pesquisa em Pinhão Manso. Sua empresa integra o consórcio existente há três anos, formado também pela Labore Engenharia e TechEnergy.
Os consorciados informaram que, recentemente, foi concluído parte de um trabalho de doutoramento, onde se utilizou farelo desengordurado e destoxificado pelo Processo de Extração Labore, em dieta animal. O farelo foi obtido a partir de grãos de uma variedade tóxica de Jatropha curcas, provenientes dos campos de cultivo da Rio Pardo Bioenergia. Um resumo do trabalho será apresentado na Anual Conference of Britsh Society of Aninal Science 2010, na Irlanda.
Segundo o pesquisador responsável pela TechEnergy, Antonio Roberto de Godoi, o processo neutraliza a curcina e o inibidor de tripicina, que são fatores antinutricionais (não permitem ganho de peso) e retira os quatro ésteres de forbol, que dão toxidez e limitam a alimentação animal.
Ele contou que, inicialmente, os testes foram feitos dentro da Labore, por métodos empíricos e análises de ésteres de forbol de forma qualitativa, por meio de formulações de rações para aves e carpas, durante dois anos. O pesquisador relata não ter havido óbitos, mas sim, ganho de peso.
Godoi disse que, a partir desses resultados, o consórcio partiu para a análise quantitativa da concentração dos ésteres de forbol no farelo do pinhão manso destoxificado pelo método Labore. “Comprovamos a retirada dos ésteres de forbol do farelo”, acrescentou.
A comprovação científica deu-se posteriormente, a partir do trabalho feito in vivo, com ratos, também sem óbitos e com ganho de peso. “Não houve nenhum sinal de toxidez nas vísceras das cobaias”, falou o pesquisador.
“De todos os parâmetros analisados – ganho de peso, entre outros – não houve diferença em relação à dieta de controle, feita com caseína, que é a proteína do leite”, conforme o engenheiro da Labore, José Luiz P. Eduardo. Nesse momento, estão em fase de tabulação os resultados, das formulações de dietas com farelo de pinhão manso aplicadas em suínos.
I Congresso Brasileiro de Pesquisa em Pinhão Manso
Promoção: Embrapa e Associação Brasileira dos Produtores de Pinhão Manso
Apoio: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Local: Hotel Golden Tulip Brasília Alvorada – Brasília/DF
Data: 11 e 12 de novembro de 2009
Horário: 8:30h às 17:30h
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