Tráfico ou milícia dominam quase todas as favelas no Rio, mostra pesquisa
Traficantes de drogas, independentemente da facção criminosa, e milicianos dominam quase todas as favelas do Rio, segundo um levantamento feito pelo Nupevi (Núcleo de Pesquisa das Violências) da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro). A antropóloga Alba Zaluar, coordenadora do estudo, afirmou nesta terça-feira que das 968 favelas registradas na cidade, apenas 27 são neutras, sem domínio do crime organizado.
"Ainda há 27 favelas neutras. Eram cerca de 200 em maio de 2005; em maio deste ano, quando fizemos o levantamento, registramos 27. Quase a totalidade de favelas está dominada por traficantes e milicianos", afirmou a antropóloga à Folha Online.
Os dados da pesquisa foram baseados em um levantamento realizado no início deste ano pelo IPP (Instituto Pereira Passos). O instituto contabilizou 968 favelas no Rio, contra 750 registradas em 2004. O estudo mostra também que a população favelada passou a ocupar mais de três milhões de metros quadrados do que ocupava em 1999.
"As concentrações de violência estão voltadas principalmente para os bairros do subúrbio do Rio, na parte central da cidade, zona portuária e uma pequena parte na zona oeste, principalmente porque há muita milícia lá. Santa Teresa, no centro, São Cristóvão e uma parte da Tijuca, zona norte, apresentam altos índices de violência", afirmou a coordenadora da pesquisa. Ela também afirmou que os índices mais baixos de violência estão na Barra da Tijuca (zona oeste) e pontos da zona sul da cidade.
Segundo Zaluar, os bairros em torno dos complexos do Alemão e da Maré são "violentíssimos". "Ramos e Olaria são alguns deles. Talvez, o bairro da Pavuna também, por está cercado pelos morros da Pedreira, Lagartixa e Chapadão", disse.
A antropóloga afirmou que o relatório, também chamado de "Uma perspectiva multidisciplinar para a prevenção de violência entre jovens", foi encaminhado para o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), e o prefeito da cidade, Eduardo Paes (PMDB).
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