CSN mostra otimismo com demanda no 4º trimestre e em 2010
A CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) prevê uma demanda "muito forte" por aço no quarto trimestre e tem expectativa otimista em relação a 2010, afirmou nesta quarta-feira o diretor comercial da empresa, Luis Fernando Martinez.
Após um primeiro semestre em que todo o setor siderúrgico foi afetado pelo colapso na demanda, por causa da crise financeira internacional, a CSN está em negociações avançadas com potenciais sócios para tocar projetos anteriores de expansão de capacidade siderúrgica, com a construção de duas usinas, que terão capacidade conjunta de 9 milhões de toneladas.
"A ideia [das duas usinas] é que tenhamos sócios para que boa parte da produção seja comprometida com o parceiro. Pretendemos manter o controle dos projetos, mas talvez nem tenhamos uma participação de 50% dos projetos", afirmou Juarez Saliba, diretor de mineração da CSN, em teleconferência com analistas.
"Estamos em estágio avançado de negociação com potenciais sócios para essas duas usinas", disse o executivo. Segundo ele, uma usina, em Itaguaí (RJ), já tem licença prévia e, para a usina de Congonhas (MG), a empresa tem expectativa de obter licença de instalação até o final de 2010. As novas usinas deverão consumir também minério de ferro produzido pela própria CSN.
Paralelamente, a empresa investirá no próximo ano cerca de US$ 350 milhões para concluir uma usina de aços longos em Volta Redonda (RJ), que tem previsão de iniciar operação em 2011.
Segundo Martinez, após a crise no primeiro semestre, "a equação de oferta e demanda está bastante favorável. A demanda está muito forte para o quarto trimestre e, para o começo do ano que vem, nossa previsão é muito otimista".
"Os setores de linha branca e automotivo, que usualmente têm férias em dezembro, praticamente vão trabalhar cheios em novembro e dezembro", informou o executivo.
A CSN divulgou na madrugada de quarta-feira lucro líquido de R$ 1,15 bilhão, impulsionado por ganho de R$ 835 milhões gerado por desdobramentos da venda de 40% da unidade de mineração Namisa, no ano passado, a um consórcio asiático. No segundo trimestre, o lucro somou R$ 335 milhões.
O lucro também foi apoiado em redução de custos de produção, apesar de a empresa ter trabalhado durante o terceiro trimestre consumindo carvão contratado a preços mais caros antes da crise.
O vice-presidente de finanças, Paulo Penido, garantiu que a empresa já renegociou 60% de suas necessidades de carvão. "Se tivéssemos feito isso no primeiro semestre, o custo teria sido muito maior por causa do câmbio. Evitamos comprar carvão no primeiro semestre e deixamos de comprar carvão a 2,40 [reais por dólar] e agora vamos comprar com um câmbio muito melhor."
Sobre preços de aço, a empresa mantém política de cortar no quarto trimestre, em 10 a 13 por cento, descontos concedidos anteriormente a distribuidores. Para a indústria, a empresa está negociando com cada cliente, disse Martinez. "As negociações ocorrem caso a caso, mas a ideia é implementar uma redução de descontos da ordem de 7,5% a 10%."
Mineração
Em outra frente, a companhia trabalha na consolidação de todas as atividades ligadas à mineração, incluindo ativo portuário, em uma nova empresa. A expectativa é que o plano fique pronto no início de 2010.
"Nos próximos dois a três meses estaremos trabalhando para entregar esse projeto. A partir de um determinado momento do início do ano que vem, vamos estar operando 100% dos ativos de mineração dentro de uma nova empresa", disse Saliba.
Segundo ele, numa etapa subsequente, a CSN decidirá o que fazer com a nova empresa. "Todas as opções estão na mesa: possível IPO [oferta pública inicial de ações] ou possível venda de participação estratégica. Mas ainda não tomamos uma decisão."
Em entrevista em setembro, o presidente da CSN, Benjamin Steinbruch, afirmou que uma eventual oferta de ações do principal ativo de mineração do grupo, a mina Casa de Pedra, movimentará um valor "muito maior" que US$ 2 bilhões.
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