Crack já supera cocaína entre usuários em tratamento
Levantamento inédito feito pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas em Atenção ao Uso de Drogas (Nepad), da Uerj, revela que, em 2005, dos 200 dependentes de cocaína e crack que procuraram atendimento na instituição, apenas um era viciado na última droga. Em 2008, o número de usuários de crack chegou a 57,3% dos mesmos 200 atendimentos, superando a quantidade de usuários em cocaína em tratamento. Segundo o psicólogo Bernardo da Gama Cruz, um dos coordenadores da pesquisa, o crack é hoje a droga mais usada pelos jovens até 21 anos em tratamento na instituição.
Vício já aos 14 anos
Estudante de colégios caros, com boas notas, desportista, nascido numa família bem-estruturada, Y. começou com álcool e maconha aos 14 anos. Hoje, aos 23, sabe exatamente há quanto tempo está sem consumir drogas: dois anos, nove meses e 11 dias. O que começou com um "baseado" e um copo de cerveja avançou para drogas cada vez mais pesadas, como o crack. Tudo para ser aceito por um grupo de amigos.
- Meu uso de drogas foi aumentando, mas eu ainda tirava boas notas. Minha família só descobriu quando eu tinha 16 anos. Com 17, passei para a faculdade e fui morar em república. Eu me droguei ainda mais. Perdi o emprego, passei a perder matérias, caí de moto, quase fui preso. O crack é um vício caro demais - conta Y., que frequenta um grupo de ajuda, trabalha numa estatal e está concluindo a faculdade.
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