Doador de esperma passou doença cardíaca para nove filhos
Especialistas estão questionando o quão rigorosamente devem ser checados os doadores de esperma, depois que um deles passou uma doença cardíaca genética para nove filhos biológicos, causando a morte de um deles.
O homem de 23 anos de idade desconhecia ter a doença, uma cardiomiopatia, que afeta o músculo do coração.
Quando doam esperma, os candidatos respondem a perguntas sobre o histórico de doenças na família, mas algumas não são óbvias ou conhecidas.
Em um artigo publicado na revista especializada "Journal of the American Medical Association", médicos americanos argumentaram que a cardiomiopatia deveria ser incluída entre os testes rotineiros dos doadores.
Mas para especialistas britânicos, a medida poderia desencorajar potenciais doadores.
Estima-se que a cardiomiopatia hipertrófica atinja uma a cada 500 pessoas da população adulta e é uma das causas mais comuns de morte súbita entre jovens, segundo os Arquivos Brasileiros de Cardiologia.
Enquanto a condição, que afeta o músculo cardíaco, pode passar despercebida, uma minoria dos pacientes pode ter morte súbita.
Esta é uma doença genética dominante, o que significa que os filhos de alguém que carregue o gene têm uma chance de 50% de herdar a doença.
Os sintomas podem ser inexistentes ou vagos, como dores no peito, falta de ar, palpitações e desmaios, mas um exame cardíaco pode identificar a condição.
Salvaguardas
O médico Barry Maron, da Fundação do Instituto do Coração de Minneapolis, e sua equipe, afirmam que os doadores de esperma em potencial deveriam ser examinados rotineiramente para descartar a condição.
Doadores de esperma já passam por uma série de exames para identificar doenças transmitidas geneticamente, como fibrose cística, e infecções, como o HIV.
Mas a cardiomiopatia hipertrófica não está incluída na lista nos Estados Unidos ou no Reino Unido.
A equipe de Maron admite que não é possível fazer exames para identificar todas as doenças genéticas que poderiam ser transmitidas pelos doadores.
"Mesmo assim, nossas observações levantam considerações para estratégias efetivas de checagem para evitar que doadores propaguem genes mutantes que causam doenças genéticas relativamente comuns, como a cardiomiopatia hipertrófica", defende ele.
Para o especialista britânico Allan Pacey, da Universidade de Sheffield e da Sociedade Britânica de Fertilidade, esta é uma questão que precisa ser debatida.
"Se você for considerar todas as doenças, a lista seria interminável. E algumas coisas sempre vão passar pela peneira", disse ele.
Mas os especialista afirma que a questão deve ser investigada mais a fundo para determinar se as regras devem ser modificadas.
Na Grã-Bretanha, há algumas salvaguardas para o procedimento, como a proibição a homens com mais de 40 anos de doar esperma, já que eles têm risco maior de apresentar sintomas que poderiam levar à causa da leucemia. Além disso, os espermatozoides de um doador só podem ser usados por, no máximo, 10 famílias.
Essas medidas, no entanto, não estão em vigor nos Estados Unidos.
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