MTA volta a fechar a BR-364; Incra alega irregularidades
Protestos de trabalhadores sem-terra pararam ontem, da manhã até a tarde, a BR-364, principal rodovia de ligação entre Mato Grosso e os demais estados brasileiros. A via ficou fechada em dois pontos entre as cidades de Rondonópolis, terceiro maior centro urbano do Estado, e Cuiabá. Por conta dos bloqueios, os trabalhadores se reuniram durante a tarde com representantes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Devido aos encaminhamentos da reunião, os protestos podem cessar.
Os trabalhadores, ligados ao Movimento dos Trabalhadores Assentados e Acampados (MTA), interditaram a rodovia na região da “Farinha de Osso”, a poucos quilômetros de Rondonópolis, e em um ponto próximo ao córrego Sucuri, no município de Pedra Preta. Em poucas horas, longas filas se formaram. Somente por volta das 12h os veículos foram liberados por alguns minutos. Novamente bloqueadas, a interdição durou até meados da tarde, quando representantes dos trabalhadores se reuniam com representantes do Incra em Cuiabá.
O protesto, segundo o coordenador estadual do movimento, Breno Martins, é contra o despejo de 300 famílias que estavam acampadas na fazenda Consolo, em Pedra Preta, e o não cumprimento de acordos firmados com o Incra.
Os trabalhadores estavam acampados na fazenda há 120 dias, esperando a desapropriação das terras. Entretanto, o Incra não protelou a tramitação do processo e os sem-terra foram expulsos.
Em reunião com o Incra, os trabalhadores foram informados de que o processo de desapropriação da Consolo seria arquivado. O motivo é que, além de o Incra estar sendo rigidamente monitorado ultimamente em seus processos, houve deslocamento de títulos em relação à área. Entretanto, o Incra se comprometeu a verificar junto à Corregedoria do Tribunal de Justiça e à Procuradoria Geral do Estado a possibilidade de alguma solução para o caso.
Os trabalhadores tinham em sua pauta de reivindicação a desapropriação de outras áreas. Para cada uma, o Incra solicitou prazos diferentes a fim de analisar os processos, o que obriga os sem-terra a aguardarem. Entretanto, o retorno ou não dos bloqueios na BR-364 teria de ser discutido, após a reunião e ainda na noite de ontem, com os trabalhadores presentes nos locais. Por conta do bloqueio, o diretor do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot, fez questão de criticar o movimento pelos prejuízos ao escoamento da produção estadual.
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