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Agronegócios
Quarta - 28 de Outubro de 2009 às 08:13
Por: Marcondes Maciel

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Cotações para entrega do grão no pico da safra estão 26% abaixo do custo e são as piores dos últimos 2 anos

Em plena temporada de plantio, os produtores mato-grossenses levam mais um susto com os preços futuros da soja no mercado internacional. Ontem, o mercado sinalizava R$ 27,30 à saca de 60 quilos, para entrega entre fevereiro e abril de 2010. É o pior preço desde 2007. No ano passado o mercado trabalhava com preços entre R$ 40 a R$ 43 para entrega no primeiro semestre de 2009.

Os analistas afirmam que os preços ofertados atualmente para as vendas futuras “não liquidam sequer os custos de produção, por isso as negociações estão paradas”. Considerando o atual valor oferecido à saca e o custo de produção, a diferença em desfavor do produtor é de R$ 9,64, ou, cotação 26,09% aquém da necessidade mínima.

A venda futura é uma praxe no agronegócio. O produtor comercializa a produção antes mesmo de plantar, recebe o valor acertado para cobrir custos do plantio e acerta uma data futura para entrega dos volumes. Geralmente a entrega é durante o pico de safra de fevereiro a maio do ano seguinte ao plantio.

Segundo a Companhia Brasileira de Abastecimento (Conab), os custos de produção para uma produtividade de 3 mil kg por hectare, no município de Primavera do Leste (239 quilômetros ao sul de Cuiabá), serão de R$ 1.847,01. Isto quer dizer que o preço médio da saca para empatar a produção com seus custos terá que ser de R$ 36,94.

Nos últimos dias, com a notícia de clima ruim nos Estados Unidos e a possibilidade de uma nova quebra da safra norte-americana, chegou a haver uma pequena reação do mercado. “Mas, com dólar na casa de R$ 1,70 a R$ 1,75 e preços achatados, o cenário não é nada animador para o próximo ano”, disse um analista de mercado.

Os preços da soja, este ano, em nenhum momento se situaram abaixo de R$ 30 para a venda futura. No mercado físico, a soja chegou a atingir o pico de R$ 40, no começo do ano.

A atual safra foi negociada ao preço médio de R$ 37 a saca, no mercado físico, mantendo-se em bons patamares principalmente no segundo semestre. Atualmente, os preços em Mato Grosso variam de R$ 37 a R$ 39, na região sul do Estado, porém, não existe mais oferta no mercado físico.

“Tivemos queda no mercado internacional muito forte. Os preços diminuíram muito, mas o que segurou os preços locais foi a demanda para esmagamento interno. No mercado futuro, os preços caíram muito e travaram os negócios”.

Para o deputado federal e presidente licenciado da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Famato), Homero Pereira, o momento é de muita preocupação. “Como o real está valorizado e a soja é uma commodity atrelada ao dólar, os custos se mantêm elevados”. Na opinião dele, o governo federal “terá de fazer alguma ação” para recompor a defasagem cambial. “O grande vilão neste momento é o dólar. Se não houver uma política de recomposição do dólar em relação ao real, ficará muito difícil para o produtor comercializar a próxima safra”.





Fonte: Diário de Cuiabá

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