Cuiabá tem uma das 20 maiores frotas registradas no país

Nos últimos oito anos Cuiabá registrou um aumento de 86% na frota, passando de 120.658 para 224.838 veículos, segundo dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). A estatística coloca a capital mato-grossense entre as 20 com maior aumento no número de carros circulando nesse período.

Em um ranking de 58 municípios, Cuiabá ocupa a 17ª posição dos que registraram maior aumento na frota, à frente de capitais como Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Salvador (BA), todas com mais de dois milhões de habitantes.

O critério para a pesquisa divulgada pelo site G1 baseou-se em municípios com mais de 400 mil habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

O crescimento da frota registrado em Cuiabá, cuja população está em torno de 550 mil, deixou para trás até mesmo grandes cidades como São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ), com 11 e 6 milhões de habitantes, respectivamente.

“O dado é preocupante, na medida em que não se vêem ações estratégicas voltadas para esse crescimento”, afirmou O professor-doutor em Engenharia de Tráfego, Transportes e Logística da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Eldemir Pereira de Oliveira.

A última intervenção de cunho estratégico no trânsito da cidade, segundo o professor, ocorreu há 21 anos, com a inauguração da avenida Miguel Sutil. Entregue em 1988, a via foi criada com a intenção de proporcionar um trânsito dinâmico, contornando a cidade, daí o nome “Perimetral”. “A avenida das Torres ainda não disse a quem veio e pode ser que preencha essa lacuna”, observou.

Os incentivos fiscais dados pelo governo federal ao setor de veículos, bem como o momento econômico de ascensão vivenciado pelo Estado, estão por trás do aumento da frota em Cuiabá, na opinião de Oliveira.

Para combater um possível caos de um sistema que joga 2,5 mil novos carros a cada mês nas vias públicas, Eldemir alerta: é urgente o investimento no sistema de transporte coletivo.

“Não são necessárias soluções mirabolantes como o Veiculo Leve sobre Trilhos (VL), que somente se viabilizariam com grandes somas, mas investir em corredores alimentadores, com vias exclusivas para dar maior velocidade aos ônibus, já é um começo”, explicou Oliveira. O sistema já funciona em Goiânia (GO). Os principais corredores são Coxipó, CPA e Várzea Grande, segundo ele.

Além disso, deve-se repensar os contratos de concessão a fim de atrair novos empresários que invistam no transporte coletivo, segundo ele. “Estudos têm, o que falta é ação política. É claro que somente o município não conseguira arcar com todos os investimentos, por isso é necessário que as três esferas de poder – municipal, estadual e federal – estejam articuladas”, disse Eldemir Oliveira.

Incluem-se aí as cidades da Baixada Cuiabana que seriam interligadas por um único sistema intermunicipal. “Muitas pessoas deixariam o carro em casa ao ver que compensa andar de ônibus”, completou.

Em relação aos carros privados, o professor acredita que caso não sejam revistas as políticas de estacionamento no centro da cidade, até a Copa do Mundo, será necessária a implantação de um sistema de rodízio de placas na área central.

Ações localizadas como a que alterou o tamanho da rotatória do Despraiado, segundo ele, não solucionam o problema, são apenas medidas paliativas.

A Secretaria Municipal de Transito e Transportes Urbanos (SMTU) informou que alargamentos em vias e construções de viadutos estão entre as 10 prioridades para a reforma estrutural da cidade com vistas à Copa do Mundo em 2014.