Valor de bomba terá teto de R$ 1,60 durante entressafra
Os preços do álcool hidratado, que em São Paulo podem chegar a R$ 1,90/litro no final do ano, devem se manter no patamar de R$ 1,39 na Grande Cuiabá nos próximos meses e chegar a no máximo R$ 1,60 no começo do próximo ano, informou ontem o diretor executivo do Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras do Estado (Sindálcool), Jorge dos Santos.
“Não acreditamos [que os preços cheguem aos patamares previstos para São Paulo] porque o setor está se esforçando e tomando todas as providências diante da responsabilidade social para com o consumidor. Acho uma previsão absurda e está totalmente fora da nossa realidade”, afirmou Santos.
Ele diz que pequenas variações são normais “porque o mercado ainda está depreciado”, porém, a realidade de Mato Grosso é totalmente diferente da de São Paulo, “que tem característica de consumo elevadíssimo e teve problemas de chuva este ano. Em nosso Estado chegamos a ter alguns problemas, mas nada que derrubasse a safra e ameaçasse nosso abastecimento. Não podemos esquecer de que o consumidor tem um mecanismo chamado flex e pode escolher com qual combustível abastecer seu carro. O governo federal também tem uma arma estratégica, que é alterar ou não, o percentual do álcool anidro na gasolina. Se o álcool estiver muito caro, o governo pode reduzir o percentual de mistura para sobrar mais produto no mercado. De uma forma ou de outra, o consumidor está protegido contra os altos preços”, avalia Jorge dos Santos.
Ele admitiu que, em Mato Grosso, os preços podem chegar a patamares entre R$ 1,50 a R$ 1,60, no período mais crítico da entressafra, meses de janeiro e fevereiro. Segundo Santos, esse preço é o ideal para remunerar convenientemente todos os fatores de produção. “Mesmo se os preços chegarem nesse patamar, ainda assim continuarão interessantes ao consumidor, considerando o preço atual da gasolina (R$ 2,79), o que representaria 57% deste valor”.
ESTOQUES - Sem revelar números, Jorge dos Santos informou que os estoques de álcool em Mato Grosso estão dentro da normalidade. “É evidente que se as chuvas se intensificarem na reta final da colheita, poderá interferir na produção que ainda está por ser colhida. Mas hoje não consigo enxergar nem problema de preço, nem de produto em nosso Estado”, avalia.
A Barrálcool, em Barra do Bugres (182 quilômetros ao norte de Cuiabá), por exemplo, tem colheita programada para até 10 de dezembro.
De acordo com o Sindálcool, Mato Grosso produz o dobro de álcool necessário ao seu consumo, “por isso ainda temos um dos melhores preços do país. De uma forma geral, o combustível oferece vantagens em relação à gasolina. Pelas informações da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), de uma lista de 20 estados, em 19 deles é melhor abastecer com o derivado da cana do que com a gasolina. O álcool continuará competitivo em nosso Estado”.
Em torno de 80% da colheita já foi concluída em Mato Grosso. Este ano as usinas vão esmagar 13,90 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. “Temos de moer um pouco mais para alcançar o volume previsto de 850 milhões de toneladas de álcool. Ainda faltam em torno de 2,5 milhões de toneladas”.
Do volume previsto nesta safra, 600 milhões de litros serão de álcool hidratado [combustível] e, 250 milhões de litros, anidro – utilizado na mistura com a gasolina.
No ano passado Mato Grosso produziu 900 milhões de litros de álcool, sendo 700 milhões de litros de hidratado e 200 milhões de litros de anidro.
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