Ambição política de Meirelles será desafio para o Brasil, diz "Economist"
Com o retorno do crescimento no Brasil, o país enfrenta agora um tipo diferente de problema, que inclui a ambição política do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirma reportagem publicada pela revista "The Economist" nesta quinta-feira.
O texto comenta a filiação de Meirelles ao PMDB no começo deste mês. A expectativa é que o ex-presidente do BankBoston concorra ao cargo de governador de Goiás em 2010, mas, segundo a revista, ele pode também tentar uma vaga no Senado ou até mesmo a Vice-Presidência.
A "Economist" cita a boa fase para os responsáveis pela política econômica no país. "O investimento estrangeiro direto está crescendo no Brasil, mesmo tendo encolhido ao redor do mundo. A criação de vagas de trabalho voltou aos níveis em que estava antes da contração da economia, no quarto trimestre de 2008. Diferentemente de em momentos anteriores de crise, a posição fiscal do país estava forte o suficiente para permitir que o governo aumentasse os gastos e evitasse problemas."
O texto fala também que, dessa vez, ao invés de aumentar os juros para evitar que os investidores saíssem do país, o Banco Central cortou as taxas. "Em parte por causa dessas políticas, a recessão do Brasil foi curta. A economia provavelmente retornou a um crescimento anualizado de cerca de 5% no terceiro trimestre."
A forte retomada, porém, está gerando alguns dilemas para o governo, afirma a revista. O real está se fortalecendo frente ao dólar, o deficit em conta corrente do país está aumentando novamente e deve continuar crescendo. Com a economia em aceleração, muitos analistas esperam que o BC tenha que aumentar os juros novamente, em meados de abril.
"É aí que as ambições políticas de Meirelles começam a parecer estranhas. Para um indicado do presidente aumentar as taxas de juros em ano eleitoral é preciso ter coragem. Isso pode ser ainda mais difícil caso ele mesmo seja candidato", afirma a "Economist".
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi o autor do convite para que Meirelles assumisse o BC, pediu para que ele se mantenha no cargo até o fim de 2010. Ele tem até março para deixar a Presidência da autoridade monetária se quiser ser candidato.
"Se o senhor Meirelles sair em março, o Brasil pode ter três diferentes presidentes do BC em um ano. Um possível sucessor seria Luciano Coutinho, que preside atualmente o BNDES, o banco de fomento brasileiro. Mas, caso a oposição vença a corrida presidencial no ano que vem, ela provavelmente vai querer nomear um de seus homens. Felizmente, o Brasil é agora estável o suficiente para que isso não seja fatal. Mas a mudança pode ter seu preço", diz a revista.
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