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Nacional
Terça - 13 de Outubro de 2009 às 20:49
Por: Márcio Falcão

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O presidente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), Rolf Hachbart, minimizou nesta terça-feira o resultado da pesquisa divulgada pela CNA (Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil) mostrando que 37% dos assentamentos agrários brasileiros não produzem nada. Segundo Hachbart, o universo de famílias pesquisado é insuficiente.

Para o presidente do Incra, o levantamento, realizado pelo Ibope, foi direcionado para mostrar que a reforma agrária não funciona. Hachbart não apresentou números oficiais do governo para rebater os dados, mas prometeu divulgar uma pesquisa até o final do ano mostrando a realidade dos assentamentos brasileiros.

"Essa pesquisa não mostra a realidade dos assentamentos. Essa pesquisa é direcionada para mostrar que a reforma agrária não é necessária. Agora, é preciso entender que a reforma é uma das opções para o desenvolvimento sustentável que o país busca'", afirmou.

Na avaliação do Hachbart a pesquisa é frágil porque entrevistou apenas 1.000 domicílios. "Hoje temos um milhão de famílias assentadas. Essa pesquisa ela apenas desqualifica e não contribui para avançarmos. Seria interessante que a CNA e o Ibope conhecesse a realidade dos assentamentos. O Censo agropecuário, que pesquisou todos os estabelecimentos do país em 2005, mostra que a agricultura familiar detém 24% da área total e produz 40% do valor bruto da produção agropecuária brasileira. A amostra é insuficiente", disse.

Para o presidente do Incra, mostrar que a produção dos assentamentos não apresenta resultados expressivos não significa que há falhas na reforma. "Tudo precisa ser melhorado, mas a produção não é o nosso foco principal. Nós trabalhamos com a cidadania. Nossa grande missão é reduzir a violência, promover a cidadania e garantir acesso a direitos básicos. Não dá para medir o sucesso da reforma agrária pela sua inserção no mercado com o que as famílias produzem", afirmou.

Pesquisa

Segundo a pesquisa da CNA, a maioria dos assentados (37%) tem renda familiar de um salário mínimo. Ainda de acordo com o levantamento, 35% têm renda entre um e dois salários mínimos e 26% tem renda de mais de dois salários mínimos. Segundo o Ibope, 1% dos assentados não respondeu à pesquisa.

Para a presidente da CNA, senadora Kátia Abreu (DEM-TO), esse é um dos dados mais alarmantes da pesquisa. 'Talvez esse seja o dado mais crítico: cerca de 40% dos assentamentos pesquisados têm renda individual de um 1/4 de salário mínimo. Isso significa que temos 40% dos assentados vivendo em situação de extrema pobreza', afirmou.

Outro dado da pesquisa mostra que a maioria dos assentados (75%) não tem acesso ao programa de crédito rural do governo. O estudo também informa que 39% dos assentados são os primeiros beneficiários do programa de reforma agrária e 46% compraram a terra de outra pessoa..

A pesquisa mostra ainda que a maioria das propriedades rurais tem entre 5 e 20 hectares (53%) e as propriedades que têm mais de 50 hectares representam 15%, sendo que a média é de 29 hectares. Já a área destinada a produção é, em média, de 18,3 hectares.

Os dados apontam ainda que 63% dos assentados produzem na própria terra, mas 37% não produzem nada na sua propriedade. Dos que produzem, 27,7% produzem o suficiente para família e o restante da produção é comercializada; 24,6% produzem apenas o suficiente para alimentar a família e 10,7% não conseguem ter uma produção satisfatória para alimentar a família.

Outros dados destacados pela presidente são o alto índice de analfabetismo e o trabalho infantil. De acordo com a pesquisa, 21% são analfabetos, sendo que a média brasileira é de 9%. A maioria dos assentados (47%) têm até a 4º série do ensino fundamental e 12% têm o ensino médio ou superior. Já o trabalho infantil atinge 19% das crianças, sendo que nos assentamentos do Pará esse índice chega a 30%.

O levantamento do Ibope foi realizado de 12 a 18 de setembro deste ano em 1.000 domicílios de nove Estados. A margem de erro é de 3 pontos percentuais.

Com Agência Brasil*





Fonte: Folha Online

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