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Nacional
Terça - 13 de Outubro de 2009 às 17:01
Por: Gabriela Guerreiro

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O ministro Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário) criticou nesta terça-feira o que chamou de "criminalização" de movimentos sociais brasileiros, em especial o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Ao negar qualquer vínculo financeiro do governo com o movimento, Cassel disse que a oposição tenta criar um ambiente de tensão para aproximar o Ministério do Desenvolvimento Agrário do MST.

"Eu acho que a gente tem que superar de uma vez por todas o espírito de criminalização dos movimentos sociais, especialmente o MST, que não ajuda em nada. Uma coisa são ações do MST, que condeno. Outra coisa é a insistência de que o governo repassa recursos de forma inadequada a movimentos sociais. Isso não é verdadeiro, é uma falácia. Estou reivindicando ambiente de equilíbrio, sensatez e sobriedade", afirmou.

Em depoimento à Comissão de Agricultura do Senado, Cassel rebateu levantamento apresentado pela senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), realizado pela ONG Contas Abertas, que apontou supostos repasses do governo ao MST --no valor total de R$ 159,8 bilhões.

"São recursos do Orçamento Geral da União de todos os ministérios, não do Ministério do Desenvolvimento Agrário e do Incra. No afã de ir atrás do MST, tem coisas que são ridículas, para dizer o mínimo. Está listada [no levantamento] a Cáritas [entidade ligada à Igreja Católica] como um braço do MST. Não é razoável isso. Vamos começar a perseguir igrejas agora, é isso?", questionou.

Cassel criticou a invasão de uma fazenda produtora de laranjas no interior de São Paulo, na semana passada, por integrantes do MST. "Eu fui o primeiro a condenar o MST. A gente não pode ter a impunidade nesse caso", afirmou.

Para o presidente da Abra (Associação Brasileira de Reforma Agrária), Plínio de Arruda Sampaio, o Congresso deveria investigar, além do MST, o dono da fazenda produtora de laranja no interior de São Paulo. "Querem investigar o MST? Eu voto a favor. Agora, tem que chamar também o seu Cutrale [dono da fazenda] para explicar aqui para quem ele deu dinheiro. O kit grilagem não é assim. Aquele que tem jagunço, reina absoluto", criticou.

CPI

Na opinião do ministro, a discussão em torno de uma CPI para investigar supostos repasses do governo federal ao MST está baseada em informações afastadas da realidade.

"Se criou CPI por conta de informações que são inverídicas. Um deputado [Ronaldo Caiado] disse que eu tinha assumido que repassei R$ 115 milhões ao MST. Isso está errado. Se a gente insistir nisso, a gente continua a alimentar um caldo de conflito que não serve para ninguém. Vamos tratar o episódio do MST com o rigor que deve ser tratado", afirmou.

Em ofício de resposta a Caiado, Cassel confirmou o repasse de R$ 115 milhões a entidades rurais. O ministro nega, porém, que as entidades tenham qualquer vínculo ao MST, ao contrário do que afirma Caiado. Segundo Cassel, 90% dos recursos foram repassados à Emater e ao BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).

"Tem que se superar esse instinto persecutório com o MST. Recurso público é sagrado, não pode pairar nenhuma dúvida sobre isso. Mas sou radicalmente contra esse ambiente de criminalização dos movimentos sociais que vem crescendo nos últimos dias", afirmou.

A oposição diz ter número suficiente de assinaturas para protocolar o pedido de instalação da CPI esta semana. São necessárias, no mínimo, 171 assinaturas na Câmara e 27 no Senado para que a comissão do MST seja instalada.





Fonte: Folha Online

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