Lula: não há intenção econômica em segurar restituições do IR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou nesta sexta-feira que o governo tenha qualquer tipo de interesse econômico na decisão de reter e atrasar as restituições do Imposto de Renda para pessoa física em 2009. De acordo com o presidente, é uma "falta de compreensão" atribuir a postergação das restituições à intenção de "culpar" a sociedade pela crise financeira mundial e pela queda da arrecadação durante as turbulências internacionais.
"Acho falta de compreensão achar que o governo teria interesses econômicos em reter o Imposto de Renda porque nós pagamos a taxa Selic (sobre as restituições). E não é a primeira vez na história do Brasil, nem na história mais velha nem na história mais nova, que em momentos, por problemas ou na Receita ou de quem faz a emissão dos pagamentos, (seja preciso) atrasar em dez ou 15 dias (o pagamento). Também já pagamos adiantado", disse Lula ao receber em Brasília o presidente da África do Sul, Jacob Zuma.
Na avaliação do presidente, ao contrário de uma intenção de prejudicar a população por conta de uma perda na arrecadação, o governo gostaria que o consumidor tivesse mais dinheiro para alavancar o mercado de consumo. "Não há nenhum interesse que essas coisas (retenções) aconteçam porque o que nós queremos é que o povo tenha mais dinheiro para consumir e, se tiver dinheiro na mão, quem vai ganhar é o consumo, são os índices de produtividade das empresas e os índices de comércio, que vão crescer muito mais", disse.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, confirmou ontem que o governo está liberando as restituições do Imposto de Renda de forma mais lenta neste ano devido à queda de arrecadação em virtude da crise econômica. Mantega informou que o ritmo de pagamento das restituições é ditado pela arrecadação de receitas do governo e que este ano este pagamento vai demorar mais. "Estamos num ano mais difícil, portanto existe um ajuste para que a restituição seja feita", ponderou o ministro na quinta-feira.
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