Prova adiada para 96.460 candidatos de MT
O adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) por conta do roubo da prova deve mudar a rotina dos alunos e dos cursinhos pré-vestibulares em Cuiabá. No Estado, 96.460 estão inscritos para prestar as provas, escolhidas como única forma de ingresso na principal instituição de nível superior local, a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
A partir da próxima semana, as escolas não poderão voltar às atenções dos estudantes aos vestibulares tradicionais, como já haviam programado, para ingresso nas faculdades que não adotaram o Enem como meio de seleção. Escolas e professores terão de rever o planejamento.
As provas do Enem, que deveriam ser aplicadas amanhã e no domingo, agora não têm data marcada. O Ministério da Educação considera necessário pelo menos mais 45 dias para elaborar e imprimir os novos exames.
O Colégio CIN, por exemplo, agendou para amanhã uma reunião extraordinária com professores do terceiro ano do ensino médio e do cursinho para discutir o replanejamento da preparação dos seus alunos.
A coordenadora pedagógica, professora Ivone Guinami, disse que a instituição havia programado, no caso do pré-vestibular, o ensino no formato do Enem até a véspera do exame. Após o Enem, disse, continuariam as aulas visando os vestibulares tradicionais de outras faculdades.
Já para o ensino médio, Ivone viu vantagens no adiamento. Ela disse que uma das preocupações de professores e alunos dessa etapa da educação era o fato de o exame acontecer antes da conclusão do terceiro ano, ou seja, sem concluir a aplicação do conteúdo programático.
Ivone lembrou que na época das discussões da UFMT sobre a adoção do Enem como única forma de ingresso a escola manifestou temor quanto à segurança e a logística. Surgiram, recordou, questionamentos sobre como manter o sigilo da prova na elaboração, impressão e no transporte para milhares de instituições e milhões de alunos em todo o país.
O professor Aquiles Leite do Nascimento, coordenador geral do Cuiabá-Vest, o preparatório da prefeitura de Cuiabá, informou que vai continuar priorizando o conteúdo do Enem nas aulas dos mais de 2,2 mil alunos. Paralelamente, disse, vão intensificar a preparação dos estudantes que se inscreveram para fazer vestibular em faculdades públicas de outros estados.
Aquiles disse que ficou indignado com o roubo, mas que essa era uma situação até esperada diante da importância do Enem. “Eu tinha a impressão, cheguei a comentar com algumas pessoas, que algo impediria a aplicação da prova”, observou.
O professor acredita que por valer para cursos como Medicina, cuja mensalidade no ensino privado passa dos R$ 3,5 mil, o roubo seria um ato previsível.
Para a estudante Maria Catarina dos Santos Pereira, de 18 anos, que se inscreveu para o Enem e dois vestibulares fora de Mato Grosso, o esforço terá de ser maior. Ela disse que pensava, depois de fazer o Enem, em se dedicar à história, geografia e outras matérias regionais dos estados onde se inscreveu.
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