Censo aponta crescimento do agronegócio e do desmatamento em MT
Com esse aquecimento da atividade agrícola, veio também um maior desmatamento. As fazendas perderam 12 milhões de hectares da cobertura vegetal, uma área do tamanho dos estados de Pernambuco e Alagoas juntos. Mais da metade dessa perda ocorreu no Norte. Na região, a floresta cedeu lugar para criação de gado. O plantio de pasto aumentou quase 40%.
Em Mato Grosso o quadro não é diferente. Só as fazendas concentram um terço da derrubada de árvores. Foram 4 milhões de hectares. Parte se transformou em lavoura. Em contrapartida, segundo o IBGE, a produção de soja no Estado cresceu 88%, o milho 65% e a mais expressiva foi a de algodão com 188%.O Censo também mostrou que sete em cada 10 propriedades têm luz. Dez anos antes eram apenas quatro.
A pesquisa também revelou que os agricultores estão aprendendo a lidar com os desafios da natureza. No Estado, durante o período de estiagem que são quatro meses do ano, o agricultor esperava a chuva para iniciar o plantio. Mas os produtores que investiram na irrigação comemoram bons resultados. Em uma lavoura em Primavera do Leste, após a colheita da soja e do milho, foi plantado feijão. Foram três safras no mesmo ano. "Há dez anos, tinha cinco equipamentos como este aqui. Agora tem 150", ressalta o engenheiro agronômo, Renato Nascimento Araújo.
No país, a área irrigada cresceu 42% em dez anos. Hoje são mais de 4 milhões de hectares. Quem usa a técnica, diz que não precisa desmatar para produzir mais. "Você tem produtividade, você tem produção ao longo do ano inteiro", disse Brigite Braun, produtora rural. Em 10 anos, as terras destinadas à atividade agrária perderam 23 milhões de hectares. E uma das explicações, segundo o IBGE, foi a demarcação de 60 milhões de hectares em reservas indígenas e unidades de conservação.
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