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Segunda - 08 de Julho de 2013 às 16:12
Por: LISLAINE DOS ANJOS

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MidiaNews
O médico José Ricardo de Melo, presidente do Sindessmat: internações podem ser bloqueadas
O médico José Ricardo de Melo, presidente do Sindessmat: internações podem ser bloqueadas
Três hospitais de Cuiabá e Rondonópolis registraram boletins de ocorrência, durante o final de semana. Seus diretores alegam descumprimento, por parte dos técnicos de enfermagem em greve, do percentual mínimo de funcionários em serviço, determinado pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT), na última sexta-feira (5).


 
Procedimentos cirúrgicos também foram suspensos e os hospitais ameaçam, ainda, bloquear futuras internações, fechar os prontos atendimentos (PAs), deixando-os ativos apenas para atendimentos de urgência e emergência. 


 
De acordo com o presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Serviços de Saúde (Sindessamt), José Ricardo de Mello, os hospitais estão vivendo um verdadeiro caos por estarem sem condições de atender a demanda de pacientes.


 
Isso porque, em alguns prontos atendimentos, apenas dois técnicos para atender uma média de 250 pacientes por dia, o que coloca em risco a integridade dos pacientes.


 
"As cirurgias de urgência e emergência serão mantidas. Mas só vamos atender e operar se pudermos garantir um mínimo de segurança no atendimento" “As cirurgias de urgência e emergência serão mantidas. Mas só vamos atender e operar se pudermos garantir um mínimo de segurança no atendimento. Do contrário, não vamos fazer e os leitos de pacientes com alta não serão disponibilizados”, disse.


 
Outra opção avaliada pelos hospitais é transferir os pacientes já internados para a rede pública de saúde.


 
“Estamos ponderando tudo isso, porque nós temos pessoas que dependem do nosso serviço e nós sabemos as dificuldades da rede pública. Se tomarmos esse tipo de decisão será para garantir a nossa segurança e a segurança do paciente”, disse.


 
Percentual


 
Segundo o presidente, a determinação do TRT - de que os técnicos de enfermagem devem manter 30% dos funcionários nas unidades abertas (PAs, enfermarias e apartamentos) e 50% nas unidades fechadas (Unidades de Terapia Intensiva) – é “totalmente inviável”.


 
“Trabalhar com 30% é impossível. No transporte público, o mesmo tribunal determinou 50%, e na saúde, onde há pessoas doentes precisando de auxílio, tem 30% de funcionários no atendimento. É inviável um hospital trabalhar assim”, afirmou.


 
De acordo com Mello, se nada for feito para aumentar o percentual de técnicos e garantir que o Sindicato dos Profissionais de Enfermagem (Sinpen) cumpra com o que determina a liminar, as instituições terão que “radicalizar”.


 
“Nós não vamos ceder ou abaixar a cabeça, para que as pessoas que estão lá dentro não sofram nenhum risco. Só que as outras pessoas que forem procurar as instituições de saúde para terem atendimento, não vão encontrar vagas. Tem que manter no mínimo 70%, se não alguém vai ficar sem atendimento”, disse.


 
O Sindessmat irá passar um relatório ao TRT de como foi o comportamento dos grevistas nos hospitais durante o final de semana, bem como os BOs denunciando que o mínimo estabelecido não está sendo cumprido.


 
"Não podemos inviabilizar as nossas instituições. Dar um aumento de 20% vai fazer com que mais instituições fechem" Ao todo, há três mil estabelecimentos envolvidos na convenção coletiva em andamento, entre laboratórios, clínicas, consultórios médicos e hospitais. Apenas em Cuiabá e Várzea Grande, há 15 hospitais da rede privada que estão sendo diretamente afetados pela greve.


 
O sindicato também vai se reunir emergencialmente com representantes do Ministério Público Estadual, da Defensoria Pública, do tribunal de Justiça e das comissões de saúde da Assembleia Legislativa e Câmara de Cuiabá, bem como com os secretários de Saúde do Estado e de Cuiabá, a fim de buscar uma solução para o impasse existente hoje entre as unidades de saúde e os trabalhadores.


 
Negociação


 
De acordo com Mello, a reivindicação do Sinpen, de que os salários sejam aumentados em cerca de 20% (o que representara um salário de R$ 1 mil) é muito alta, em relação à média do país, razão pela qual as instituições oferecem um aumento de 7% - passando o salário de R$ 827 para R$ 885,51 – que é a média do que está sendo oferecido em todo o país.


 
“Não podemos inviabilizar as nossas instituições. Dar um aumento de 20% vai fazer com que mais instituições fechem. Têm estados que não dão cestas básicas e planos de saúde aos seus funcionários, e os nossos têm esses direitos nas nossas instituições”, afirmou.


 
A convenção coletiva que está sendo realizada vale para Cuiabá e região, e atinge os trabalhadores da saúde – recepcionistas, telefonistas, secretárias, entre outros – e os profissionais da enfermagem – técnicos e enfermeiros.


 
Apenas na Capital, as instituições de saúde são responsáveis por empregar mais de 12 mil pessoas.


 
“Nos últimos três anos os reajustes concedidos foram sempre acima da inflação, cerca de 40%. Entendemos que o direito de greve é institucional, mas o direito à vida é sagrado. Do jeito que está sendo feito, não há condições dos hospitais se manterem abertos”, afirmou.





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