Um novo método de fertilização in vitro, no qual é feita uma triagem de embriões durante o processo, pode reduzir drasticamente os custos desse tipo de tratamento, segundo pesquisadores. Connor Levy, o primeiro bebê fruto do novo método, nasceu em maio nos Estados Unidos.
A triagem, elaborada na Universidade de Oxford, ajudou os médicos a escolherem um embrião com a melhor chance de sucesso. Apenas uma em cada três tentativas de fertilização in vitro resulta em um bebê, já que anormalidades no DNA de um embrião são comuns.
Especialistas dizem que testes mais elaborados são necessários para comprovar a eficácia do método. Se houver anormalidades com os cromossomos, as sequências de DNA, no embrião, ele não vai conseguir se implantar no útero, e se ele conseguir, o feto não vai se desenvolver.
É um problema que aumenta rapidamente com a idade. Um quarto dos embriões são anormais nos 30 e poucos anos de uma mulher, mas este número sobe para três quartos quando uma mulher atinge os 40 anos.
Algumas clínicas já oferecem alguma forma de triagem de cromossomo, mas isso pode adicionar entre 2 mil e 3 mil libras (cerca de R$ 7 mil) ao custo da fertilização in vitro no Reino Unido. A mãe de Connor, Marybeth Scheidts, disse que o teste teria custado US$ 6 mil (cerca de R$ 13 mil) na Pensilvânia.
O novo teste tira proveito dos avanços feitos no sequenciamento do genoma humano. Em 24 horas o teste pode garantir que o número correto de cromossomos está presente. Dagan Wells da Universidade de Oxford, disse à BBC: "Os testes atuais encarecem significativamente um procedimento que já é caro e limitado. A maioria das pacientes tem que pagar pelo tratamento com dinheiro do próprio bolso."
"O que a nossa técnica faz é dar o número de cromossomos e outras informações biológicas sobre o embrião, a um custo baixo - provavelmente cerca de dois terços do preço dos atuais métodos de triagem". Ele diz que os testes são necessários para ver se o método pode melhorar as taxas de sucesso da fertilização in vitro.
Lágrimas de alegria
O nascimento de Connor, e outra gravidez resultante desse método de triagem, serão anunciados na conferência da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia.
Marybeth Scheidts, de 36 anos, tentou engravidar de seu marido, David Levy, de 41 anos, naturalmente por quatro anos, antes de fazer uma tentativa por inseminação artificial.
Na triagem, três dos treze embriões produzidos eram saudáveis. Sem a triagem dos cromossomos, escolher o embrião certo teria sido uma questão de sorte. Marybeth disse à BBC que os anos de tentativas foram difíceis: "Houve dias em que eu só chorava e só queria me esconder no quarto e acabar com tudo."
"Mas depois de todo esse trabalho duro, nós finalmente temos o nosso pequeno Connor," conta Marybeth.
Michael Glassner, médico de fertilidade do Main Line Health System, uma rede de hospitais e centros de saúde na Filadélfia, onde a fertilização in vitro ocorreu, disse que essas técnicas se tornarão mais comuns.
"Se você já se sentou em frente a um paciente que falhou, e você olha nos seus olhos, e ele mal consegue conter suas esperanças e sonhos - sabe que tudo o que puder mudar significativamente as taxas de gravidez vai se tornar padrão", diz Glassner. "Por isso eu acho que daqui a cinco anos esse método será o padrão", conclui Glassner.
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