OMS alerta para risco de homeopatia contra Aids e malária
A Organização Mundial de Saúde (OMS) endossou uma carta enviada pela organização Voice of Young Science Network, condenando a promoção do uso de homeopatia para o tratamento de malária, tuberculose, Aids, influenza e diarreia infantil em países em desenvolvimento, principalmente na África ao sul do Saara.
Segundo a rede, formada por jovens profissionais da medicina interessados em pesquisa e ligada a uma ONG que promove tratamentos de saúde que já tenham sido comprovados, a promoção da homeopatia nesses países põe em risco a vida dos pacientes.
Segundo a OMS, a homeopatia “não tem lugar” no tratamento dessas doenças.
Os jovens médicos citam exemplos de clínicas homeopáticas promovendo o tratamento no Quênia, Tanzânia, Etiópia, Gana e Botsuana, mas a organização afirma não ter estatísticas precisas sobre a proporção de pacientes tratados, já que o setor não é regulamentado.
“Nós estamos pedindo à OMS que condene a promoção de homeopatia para tratar tuberculose, diarreia infantil, influenza, malária e HIV”, diz a carta.
“A homeopatia não protege as pessoas nem trata dessas doenças.”
“Aqueles que trabalham com as pessoas mais pobres e do mundo e mais distantes de centros urbanos já enfrentaram dificuldades para oferecer a ajuda médica necessária.”
“Quando a homeopatia é usada em vez de tratamento efetivo, vidas são perdidas”, diz o documento.
O médico Robert Hagan, pesquisador em ciência biomolecular da Universidade de St Andrews, na Escócia, e membro da rede, disse: “Precisamos que os governos do mundo reconheçam os perigos de promover a homeopatia para o tratamento de doenças mortais”.
Segundo ele, os médicos esperam que, ao divulgar a recomendação da OMS sobre o uso da homeopatia nesses casos, eles reforçarão a posição daqueles que se mostram contrários à prática.
‘Sem provas’
Mario Ravigkione, diretor do departamento Stop TB (Pare a tuberculose), da OMS, afirmou: “Nossas orientações para administração e tratamento baseadas em testes, além dos padrões internacionais para o tratamento de tuberculose, não recomendam o uso da homeopatia”.
Os jovens pesquisadores também reclamaram do uso de homeopatia para o tratamento de diarreia em crianças.
Um porta-voz do departamento de saúde da criança e adolescente da OMS disse que "até agora não encontramos nenhuma prova de que a homeopatia traria qualquer benefício”.
“A homeopatia não se concentra no tratamento e na prevenção de desidratação, em total contradição com a base científica e nossas recomendações para o tratamento de diarréia.”
Segundo o médico Nick Beeching, um especialista em doenças infecciosas do Royal Liverpool University Hospital, doenças como malária e tuberculose têm alta taxa de mortalidade, mas normalmente podem ser curadas ou controladas com tratamentos alopáticos.
“Não há provas objetivas de que a homeopatia tem qualquer efeito sobre essas infecções, e acredito ser irresponsável que um agente de saúde promova o uso da homeopatia no lugar de tratamentos já comprovados para doenças com potencial risco de vida”, disse Beeching.
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