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Economia
Domingo - 07 de Julho de 2013 às 11:52

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Um novo impasse político emergiu no Egito ontem, envolvendo a nomeação do liberal Mohamed ElBaradei ao cargo de premiê interino do país.


 
Ao longo do dia, ElBaradei foi confirmado pelas Forças Armadas - que, três dias atrás, depuseram o governo do presidente islamita Mohammed Morsi - como novo premiê, com apoio da maioria dos partidos. Mas a oficialização do cargo, esperada para a noite de sábado, não aconteceu.


 
Porta-vozes do governo interino disseram que o ocupante do cargo ainda não foi definido e que é preciso levar em conta a oposição conservadora feita a ElBaradei.


 
Acredita-se que essa ala conservadora egípcia tenha impedido a nomeação de ElBaradei, que representa partidos liberais de esquerda e que fez oposição tanto ao governo de Morsi quanto a seu antecessor, Hosni Mubarak, derrubado pela revolução de 2011.


 
O Egito vive dias de turbulência política que chegaram a seu pico na quarta-feira, quando Morsi - acuado por uma onda de protestos e uma grave crise de popularidade - foi deposto pelo Exército, o qual prometeu uma nova transição para um governo democraticamente eleito.


 
Desde então, o país tem sido palco de protestos e violência. Só na sexta-feira, foram estimados 30 mortos em confrontos, muitos deles alvejados por militares que foram às ruas conter as multidões pró-Morsi.


 
Irmandade Muçulmana e divisões


 
O movimento político do presidente deposto, a Irmandade Muçulmana, uma das principais forças políticas do Egito, também vive momentos de incerteza.
 


 
Diversas figuras importantes do partido - incluindo o próprio Morsi - foram detidas pelas Forças Armadas. Neste sábado, Khairat el-Shater, vice-líder do grupo, foi preso em sua casa no Cairo por suspeita de incitamento à violência. Muitos integrantes do partido agora estão na clandestinidade.


 
O partido ainda conta com um grande número de apoiadores, que foram às ruas nos últimos dias para pedir o retorno de Morsi ao poder, mas o grupo também enfrenta forte oposição - o que evidencia a polarização e as profundas divisões internas do Egito pós-revolução.


 
Para analistas, a retórica usada pela Irmandade Muçulmana durante seu período no poder preocupou muitos egípcios, incluindo alguns que votaram em Morsi nas eleições presidenciais. A Constituição aprovada no período foi considerada muito favorável aos muçulmanos, em detrimento do resto da população.


 
"O grupo não satisfez as expectativas da população e alienou muitos eleitores, com sua abordagem de se agarrar ao poder e fazer vista grossa à ascensão de (políticos) linha-dura", diz à BBC Hosameldin Elsayed, autor de diversos livros sobre o islã político.


 
Para ele, a Irmandade cometeu diversos erros estratégicos que estimularam um levante público - apoiado pelos militares e que culminou com a derrubada de Morsi após apenas um ano de governo.


 
Apelo


 
Ainda neste sábado, a ONU e os Estados Unidos fizeram um apelo pelo fim da violência.


 
O departamento de Estado dos EUA conclamou os líderes egípcios a acabarem com a violência e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu mais proteção aos manifestantes - em especial às mulheres.


 
"Conclamamos todos os líderes egípcios a condenarem o uso da força e evitarem mais violência entre seus simpatizantes", disse, em um comunicado, o porta-voz da chancelaria americana, Jen Psaki.


 
O comunicado de Ban Ki-moon mencionou "relatos horripilantes de violência sexual".


 
"O secretário-geral acredita firmemente que este é um momento crítico, em que é imperativo que os egípcios trabalhem juntos para fazer um retorno pacífico ao controle civil, à ordem constitucional e à governabilidade democrática", diz o documento, divulgado pelo porta-voz de Ban Ki-moon, Farhan Haq.


 
"Os líderes políticos do Egito têm a responsabilidade de sinalizar, por meio de suas palavras e suas ações, seu compromisso com um diálogo pacífico e democrático."




Fonte: BBC

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