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Quinta - 20 de Agosto de 2009 às 06:39
Por: Andréia Fontes

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A Justiça determinou que João Arcanjo Ribeiro enfrente o 4º júri popular, agora pelo assassinato de Mauro Sérgio Benedito Manhoso. O crime aconteceu em 9 de outubro de 2000, ao lado da atual Câmara Municipal de Cuiabá. O "Comendador" é acusado de ser o mandante. Também vão sentar no banco dos réus o ex-cabo da Polícia Militar Hércules de Araújo Agostinho e o ex-PM Célio Alves de Souza, acusados de serem os executores. A decisão é da juíza da 12ª Vara Criminal, Maria Aparecida Ferreira Fago. Os 3 estão presos na Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Campo Grande (MS).

Arcanjo responde a 4 processos por homicídios, que envolvem 8 vítimas fatais e uma que sobreviveu. Entretanto, até hoje não foi julgado.

Manhoso foi assassinado com 9 tiros disparados, de acordo com a denúncia, por Célio que estava na garupa da moto dirigida por Hércules.

De acordo com a denúncia do Ministério Público, a morte de Manhoso foi encomendada por Arcanjo porque a vítima era proprietária da empresa Prodados, que desenvolvia sistemas para sorteios eletrônicos e bingos. Nos meses que antecederam o crime, Manhoso estava montando um sistema de jogo denominado "raspadinha". Esta atividade não teria agradado o "Comendador", que tinha o monopólio dos jogos ilegais no Estado e não permitiria disputa.

Mudando a versão - Hércules, em maio de 2004, na presença de 4 delegados e 2 promotores de Justiça confessou ter participado do assassinato de Manhoso e que cometeu o crime junto com Célio Alves. Disse que Célio contou que o crime teria sido encomendado por Arcanjo, segundo o sargento José Jesus de Freitas, e que recebeu R$ 3 mil. Em juízo, confirmou a história.

Entretanto, ao ser arrolado como testemunha de defesa de Arcanjo, mudou a versão e disse que só confessou a autoria e narrou o envolvimento de Célio e Arcanjo porque membros do Ministério Público Federal e Estadual tinham lhe prometido delação premiada caso ele imputasse mais crimes ao "Comendador". Disse ter inventado a história.

Célio nunca confirmou envolvimento no crime. Arcanjo sempre negou conhecer Hércules e Célio. Confirmou que conhecia Manhoso, o sargento Jesus e que comandava o jogo do bicho em Cuiabá, mas negou qualquer inimizade e desentendimento com a vítima. "Assim, apesar da retratação de Hércules, não há como desprezar suas confissões e delações primeiras, pelo menos para a pronúncia, que não exige prova plena e rigorosa", destaca a magistrada na decisão.

Ela acrescenta que as circunstâncias da ocorrência e a motivação não estão divorciadas das demais provas existentes.

Outras decisões - A primeira decisão para que Arcanjo enfrente o júri popular é de 4 de dezembro de 2006 e a vítima é o empresário Domingos Sávio Brandão de Lima Júnior, assassinado em 30 de setembro de 2002. A decisão para que Arcanjo enfrente o júri também foi da juíza Maria Aparecida Fago, que ressaltou à época que a argumentação do defensor, as testemunhas e provas apresentadas não conseguiram excluir, de "forma inquestionável", a responsabilidade criminal do "Comendador", não derrubando os indícios de que ele foi o mandante. A defesa de Arcanjo entrou com vários recursos contra esta decisão e o processo está no Superior Tribunal de Justiça.

A segunda decisão para julgamento popular do "Comendador" é de 16 de abril de 2007, da juíza de Várzea Grande Maria Kneip Macedo. Neste caso ele responde por ser o mandante dos homicídios de Leandro Gomes dos Santos, Celso Borges e Mauro Celso Ventura de Moraes, ocorridos em 15 de maio de 2001. De acordo com o MP, o crime foi encomendado por Arcanjo porque as vítimas teriam assaltado uma banca de jogo do bicho. O homicídio seria uma forma de evitar que as bancas se tornassem alvo de assaltos. Célio e Hércules já foram condenados e Arcanjo recorreu.

A terceira decisão de júri popular foi de 28 de abril de 2008 e é do juiz Adilson Polegato. O processo é referente as mortes do sargento Jesus, Rivelino Jacques Brunini e Fauze Rachid Jaudy Filho e ainda pela tentativa de homicídio de Gisleno Fernandes.

Rivelino e Brunini foram assassinados em 5 de junho de 2002, na avenida do CPA, ocasião que Gisleno foi ferido. Segundo denúncia, a morte de Brunini, que também era integrante do grupo de Arcanjo e detinha 300 máquinas caça-níqueis, foi contratada porque ele estaria se mostrando "insubordinado" e estaria invadindo áreas de seus "companheiros". Gisleno teria sido confundido com um segurança e Fauze morreu porque estava junto com eles. O sargento Jesus foi assassinado em abril de 2002. Hércules confessou o crime, apontou Célio como co-autor e Arcanjo como mandante. Depois disse que inventou a história.





Fonte: A Gazeta

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