A novidade era o máximo
Foi grande a confusão ocasionada pelo troca-troca entre as retransmissoras de TV locais de Cuiabá. Depois que a TV Cidade decidiu romper com o SBT e passar a retransmitir a Bandeirantes, isso provocou um efeito cascata que ainda incomoda bastante os telespectadores na hora de operar o controle remoto. Antes, apertávamos 4 para assistir à Globo (Centro América), 5 para Rede TV (Rondon), 8 para Bandeirantes (TBO), 10 para Record (Gazeta) e 12 para SBT (Cidade), entre as grandes dos canais abertos. Depois do rompimento entre TV Cidade e SBT, o 5 virou SBT, o 8 virou um canal milagreiro, o 12 virou Band, e a Rede TV foi parar no 47, que antes retransmitia a Record News. Uma bagunça total.
Depois dessa balbúrdia do troca-troca, finalmente vêm as novidades. Leio nos sites que o ex-senador Antero Paes de Barros estreará no dia 21 de setembro, véspera da primavera, um programa de entrevistas diário, com foco em política e economia. Será na TV Cuiabá, do deputado Maksuês Leite, agora retransmissora da Rede TV, no canal 47. E ontem veio a notícia que a TV Cidade, canal 12, retransmissora da Bandeirantes, terá o jornalista Bebeto Amador no comando do jornalismo a partir do mês que vem. Substituindo o não menos competente Itamar Perenha, cujo paradeiro não foi informado.
Numa cidade em que o líder de audiência em programas de entrevistas no rádio é o ex-deputado Lino Rossi (réu em inúmeros processos judiciais, sendo o sanguessuga o mais famoso deles) e onde o também ex-deputado Ricarte de Freitas passa a ser um dos articulistas mais lidos dos sites locais – sem falar que o ex-presidente da Assembléia Legislativa e seu atual primeiro-secretário atua como apresentador de programas de TV – realmente saber que dois jornalistas estão assumindo espaços importantes em duas tvs, de fato é uma boa nova.
Não tenho absolutamente nada contra políticos apresentarem programas de rádio ou TV ou mesmo escreverem para jornais e sites. Se há algo que a globalização comprova é que há espaço para todas as manifestações nos meios de comunicação de massa, em especial na net.
Há alguns casos em que tais programas são até mesmo inovadores e revolucionários. Que o diga o Resumo do Dia, ancorado pelo deputado Roberto França, que se constitui atualmente, na minha opinião, no melhor programa político da TV mato-grossense, com sua originalidade e excentricidade. Quiçá não seja também o melhor programa da cultura e do folclore cuiabanos.
Além de Roberto França, nossa televisão também conta com os políticos Sérgio Ricardo e Everton Pop (Band); Toninho de Souza (Record); Walter Rabello e Onofre Junior (Rondon); Lino Rossi (Mega FM); Maksuês Leite (TV Cuiabá); e isso sem falar em quem já foi ou será candidato, como Cloves Roberto (Record) e outros cujos nomes me fogem no momento.
Mas, sinceramente, estou com vontade e com saudade de ver jornalistas desempenhando o papel que deveria ser reservado a jornalistas. Apesar do retrocesso patrocinado pelo senhor Gilmar Mendes e que tais, na cassação do diploma dos jornalistas, sou daqueles que acreditam que jornalismo é coisa para jornalistas. Formados ou provisionados, mas jornalistas.
Tudo bem que tem há jornalistas ocupando cargos eletivos, criados para os políticos, poderiam advertir-me. Contudo, penso que cargo eletivo não é nem deveria ser carreira ou profissão, mas representação política. Logo, todos deveriam ter seus representantes, inclusive os jornalistas. Todavia, sei que as coisas não funcionam assim como eu ingenuamente gostaria, e temos que tolerar alguns exercendo inadvertida e incompetentemente funções de jornalista.
Antero começou como jornalista e depois pontificou na política. Quando fracassou ali voltou para a profissão. Tem tudo para dar certo. Mas, se seu programa for mais jornalístico e menos partidário, ao contrário do que ocorre com seu site. Pessoalmente, gosto de jornalismo que tem lado. Acho-o mais honesto. Mas, creio que o mercado não pensa como eu.
Já o Bebeto é um dos grandes jornalistas que conheço, embora sem diploma. Tem tanta personalidade que criou um gênero jornalístico que os mais velhos nas redações cuiabanas conhecem como “bebetear”. Alguns acham que é inventar ou plantar. Mas, para mim Bebetear é a arte de interpretar, analisar e contextualizar os fatos, rompendo com esse jornalismo declaratório que torna o repórter um mero taquígrafo ou transcritor do que as fontes falam.
(*) KLEBER LIMA é jornalista e consultor de marketing em Mato Grosso. E-mail: kleberlima@terra.com.br.
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