Nanopartículas causam doenças pulmonares, revela estudo
Sete moças chinesas sofreram danos pulmonares permanentes e duas delas acabaram morrendo depois de trabalharem por meses sem proteção adequada em uma fábrica de tintas que utiliza nanopartículas, disseram pesquisadores da China nesta quarta-feira (19).
A nanotecnologia, ou ciência do minúsculo, é uma indústria importante. Um nanômetro é um bilionésimo de um metro e as nanopartículas medem entre 1 e 100 nanômetros.
Além do uso na medicina, a nanotecnologia é empregada em produtos como artigos esportivos, pneus e eletrônicos. Seu mercado anual é projetado em cerca de US$ 1 trilhão até 2015.
A nanotecnologia também é empregada em protetores solares, cosméticos, embalagens de alimentos, roupas, desinfetantes, utensílios domésticos, revestimento de superfícies, tintas e vernizes.
Esta é a primeira vez que se registram perigos da nanotecnologia para os seres humanos, embora estudos em animais tenham mostrado que essas partículas resultaram em danos a pulmões de ratos.
"Estes casos levantam a preocupação de que a exposição por longo tempo a nanopartículas sem medidas de proteção pode estar relacionada a graves danos a pulmões de humanos", escreveram os pesquisadores.
"Seu minúsculo diâmetro significa que elas podem penetrar as barreiras naturais do corpo, especialmente por meio do contato com peles com problemas ou pela inalação ou ingestão."
Em artigo publicando na revista "European Respiratory Journal", eles disseram que as sete mulheres tinham trabalhado entre cinco e 13 meses em uma fábrica, espalhando tinta com spray em placas de poliestireno, até que se sentiram mal, com dificuldades respiratórias e erupções no rosto e braços.
As mulheres respiraram fumaça e vapores que continham nanopartículas quando trabalhavam na fábrica, disseram os cientistas.
"A produção de fumaça no local de trabalho quando a placa de poliestireno é aquecida e secada pode indicar a formação de uma condensação de aerossol, contendo nanopartículas", escreveram eles.
A equipe de pesquisa foi liderada por Yuguo Song, do departamento de toxicologia clínica e doenças ocupacionais do Hospital Chaoyang, em Pequim.
Duas das mulheres morreram dois anos depois de trabalharem na fábrica. A condição das outras cinco não melhorou, mesmo não estando mais manuseando aqueles materiais.
É impossível remover nanopartículas depois que elas penetram nas células pulmonares, disse Yuguo Song.
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